terça-feira, 1 de março de 2011

COMO PLANEJAR


Para planejar, o professor precisa responder a algumas perguntas:

Para que ensinar? Pergunta que leva aos objetivos;
O que ensinar? Pergunta que faz pensar na seleção dos conteúdos;
Como ensinar? Pergunta que faz escolher quais métodos e técnicas usar.

Para que ensinar?
Esta pergunta nos leva a considerar onde esperamos chegar com o nosso trabalho educativo. Isto significa dizer quais os resultados que buscamos atingir.

Mas, só temos condições de estabelecer esses objetivos depois de analisar o
grupo de alunos, com as suas características, seus limites, suas histórias de
vida e suas facilidades.

Sem estas considerações corremos o risco de tornar o nosso planejamento um
instrumento sem função, inútil por não corresponder às verdadeiras
necessidades dos envolvidos.

Esse processo de definição dos objetivos se torna muito mais eficiente quando
envolve os alunos. Afinal, esse processo é tão importante para o professor quanto para eles.

Alguns cuidados são importantes na definição dos objetivos que buscamos
com o nosso trabalho.

É preciso que os objetivos escolhidos sejam:

_ claros, objetivos - para que não deixem dúvidas. Os objetivos devem
ser expressos de tal forma que tenham o mesmo significado, tanto para
o professor quanto para o aluno. Para isso devem estar numa
linguagem simples e de fácil compreensão;
_viáveis - ou de possível realização. A escolha dos objetivos deve levar em conta as condições reais do grupo e da escola, respeitando sua capacidade, interesse e motivações;
_ apresentados na sua totalidade - os objetivos devem ser apontados
como uma ação que envolve atividades a serem realizadas ou comportamentos a serem demonstrados;

_ possíveis de serem avaliados - os objetivos devem deixar evidentes os
conteúdos que serão desenvolvidos, para que permitam conhecer o
avanço dos alunos no domínio deles.

O que ensinar?
O que ensinar é a pergunta que nos leva aos conteúdos, isto é, ao conhecimento a ser desenvolvido. Abrange tanto os conhecimentos que a humanidade acumulou durante sua história - informações, dados, fatos, princípios e conceitos - quanto atitudes e comportamentos.

Na hora de escolher os conteúdos, alguns critérios devem ser levados em conta.

Apontando alguns deles, podemos dizer que os conteúdos devem:
_ ter validade - devem ser os mais importantes e significativos para a realidade e a época em que se vive;
_ ter significado - devem estar relacionados com os alunos, suas histórias de vida, suas experiências e motivações;
_ possibilitar a reflexão - devem levar o aluno a associar, comparar, compreender, selecionar, organizar, criticar e avaliar os próprios conteúdos;
_ ser flexível - devem estar sujeitos a modificações, adaptações, renovações e enriquecimentos;
_ ter utilidade - deverão considerar as exigências e as características do contexto sócio-econômico e cultural dos alunos;
_ser viável - os conteúdos deverão ser possíveis de aprendizagem dentro das limitações de tempo e dos recursos que temos.

A razão de ser desses critérios é apontar para aspectos que facilitam o trabalho pedagógico.

Mas, não podemos esquecer que os conteúdos mais válidos são sempre aqueles que melhor levam os alunos a responder as suas necessidades, fazendo-os aprender o que é mais útil para a vida deles.

Os conteúdos devem permitir aos alunos o exercício pleno da cidadania, o saber indispensável às suas ações que vão desde desempenhar uma profissão até participar de sua comunidade.

A organização dos conteúdos

Precisamos lembrar que planejar não é apenas relacionar atividades a serem
desenvolvidas.

É um processo de:
_ conhecer a realidade sobre a qual se vai trabalhar;
_ propor ações para influir nela e
_ desenvolver as ações propostas avaliando sempre seus resultados para
a continuidade do mesmo processo: avaliação, planejamento, execução
e avaliação, e assim por diante.

Pensando assim, o planejamento que o professor faz envolve aspectos
que são nossos velhos conhecidos:

O conhecimento dos alunos - o que eles já sabem, suas experiências de vida, suas expectativas, motivações etc;

A concepção que orienta o nosso projeto de educação - que tipo de pessoa queremos formar;

A realização de atividades de aprendizagem que respondem ao nosso
projeto - a coerência entre o que fazemos e o projeto educativo é fundamental;

A avaliação - que deve ser permanente, de todas as atividades desenvolvidas.

Mas uma vez você deve ter percebido que há um amaranhado entre planejamento, avaliação e prática pedagógica.

Questões fundamentais:
_ Quem são seus alunos? Em que trabalham? O que já sabem? O que esperam aprender?
_ Quais são os objetivos da prática educativa que vai ser desenvolvida?
_ Como será feita a avaliação inicial?
_ O que vai ser ensinado?
_ Qual o tempo que dispomos? Quantas horas de aula os alunos terão por dia?
_ Como distribuir os conteúdos que serão trabalhados?
_ Como ensinar os conteúdos previstos? Que métodos e técnicas poderão ajudar? Que atividades desenvolver com os alunos? Com quais recursos materiais poderá contar? Como utilizá-los?
_ Como esperamos avaliar de forma contínua?

Como ensinar?
Ao fazer esta pergunta, indagamos sobre os procedimentos, métodos e técnicas que poderão criar as condições adequadas à aprendizagem.

Para alguns autores, as condições que melhor favorecem a aprendizagem são
aquelas que criam entre alunos e professores um clima de afetividade e estima, etc. Para outros, são os procedimentos didáticos que garantem a aprendizagem. Com certeza, o elemento afetivo entra no processo ensino aprendizagem. Mas é importante que a professora saiba definir seus objetivos,
selecionar os conteúdos, utilizar boas técnicas de ensino e avaliar constantemente seus alunos.
Não podemos esquecer que todo projeto educativo tem como base uma
concepção de educação, acontece num determinado contexto sócio-econômico
e cultural e envolve pessoas de uma classe social bem definida na sociedade.

Desta forma, a opção que o(a) professor(a) faz por um método, uma técnica e
pela forma de orientar as atividades didáticas não pode se dar por acaso. Sua
opção precisa ser coerente com seu projeto político-pedagógico.

Você já pensou se os procedimentos didáticos que você utiliza atendem às características dos seus alunos?

Tirando as dúvidas: METÓDOS E TÉCNICAS?

É comum confundir método e técnica de ensino.

Um método é o modo sistemático e organizado pelo qual o professor desenvolve suas atividades, tendo em vista à aprendizagem dos alunos.

Para utilizar um método, o(a) professor(a) se vale de técnicas. Assim, técnica é um conjunto de procedimentos didáticos que a professora utiliza para operacionalizar o método.
Tirando as dúvidas: métodos e técnicas?
Por exemplo, o texto é um recurso que o professor  pode utilizar para que os alunos aprendam um assunto. O estudo através da leitura de textos constitui uma técnica de ensino.

Todas as técnicas e todos os métodos têm vantagens e limitações.

As técnicas variam segundo:
_ os objetivos a alcançar - por exemplo, se queremos desenvolver nos alunos a capacidade de análise, devemos utilizar as técnicas de estudo dirigido ou de trabalho de grupo;
_ a experiência didática do(a) professor(a) - qualquer técnica só tem êxito quando utilizada com espontaneidade e segurança. Para isso o professor precisa saber o que está fazendo;
_ as características dos alunos - interesses, motivações, necessidades, idade etc.;
_ o tempo disponível para realizá-las - não é boa coisa deixar o trabalho incompleto.

O planejamento do professor e o uso de livro didático

Muitas vezes os professores trocam o que seria o seu planejamento pela escolha de um livro didático. Infelizmente, quando isso acontece, na maioria
das vezes, esses professores acabam se tornando simples administradoras do
livro escolhido. Deixam de planejar seu trabalho a partir da realidade de seus
alunos para seguir o que o autor do livro considerou como o mais indicado.

Os professores que são administradores de livros abandonam o seu lugar de
sujeito da prática docente e passam a se preocupar apenas com as páginas que já foram vencidas e com as que ainda restam para percorrer, até o final do
ano.

Tendo em vista a grande diversidade dos alunos, no Ensino Fundamental é praticamente impossível existir um livro didático que dê conta das variações de idades, experiências, interesses e conhecimentos presentes numa mesma sala de aula.

Isso deve levar o professor a considerar o livro didático como um entre
outros possíveis materiais a serviço do ensino e da produção de novos
conhecimentos pelos aluno.

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