A partir da
década de 90 do século XX, a questão da diversidade humana ganhou mais espaço
nos debates da mídia, da Psicologia, da Sociologia, da Antropologia, do Direito
e da Educação. Diante dessa repercussão, houve interesse por parte de diversas
organizações em trabalhar essa temática, fato percebido em campanhas
publicitárias e condutas de relacionamento. As relações sociais são construídas
no âmbito da vida em sociedade. Em outras palavras, os agentes sociais
interagem, produzem e reproduzem formas de socialização/formação segundo
algumas disposições – ou seja, ações recorrentes que são incorporadas na
prática social – e nos permitem refletir sobre como a identidade se constituiu.
Compreende-se que a diversidade consiste nas diferenças visíveis e invisíveis
entre as pessoas, que incluem gênero, habilidades mentais e físicas, raça,
etnia, identidade sexual, religião, nível educacional, idade, status conjugal, poder
aquisitivo, que têm sido objeto de um número crescente de publicações e
projetos de pesquisas, possibilitando o avanço das reflexões teórico-críticas
que culminam em propostas sócio educativas. A abordagem da diversidade cultural
destaca a importância de respeitar todas as diferenças culturais, de
desconstruir a forma como se organizam suas concepções. Isto porque surgem
problemas na convivência humana, que são difundidos e assimilados por todos na
sociedade, condicionados por “ideais” sociais, que determinam os modelos de
acordo com os quais o sujeito deve agir. Para viver em sociedade, os seres
humanos precisam reconhecer e aceitar os aspectos que constituem a diversidade
humana: cultura, religião, situação econômica, aparência física, idade e
geração, raça, etnia etc., pois os indivíduos são constituídos pela associação
de seus hábitos, conceitos, crenças e tradição. Temos consciência de que a
sociedade possui uma visão de homem padronizada que classifica as pessoas de
acordo com essa visão. Elegemos um padrão de normalidade e nos esquecemos de
que a sociedade se compõe de homens diversos, que ela se constitui na
diversidade, assumindo, de outro modo, as diferenças. Historicamente falando, a
escola tem dificuldade de lidar com a diversidade. Ressalte-se que, na verdade,
a diferença, a singularidade e as exceções é que vêm sendo excluídas da
sociedade. O que se espera de todos é a semelhança, a padronização. Por
exemplo, na escola, as diferenças tornam-se problemas ao invés de oportunidades
para produzir saberes. Acima de tudo, a escola tem a tarefa de ensinar os
alunos a compartilhar os saberes, os sentidos diferentes das coisas, as
emoções, a discutir, a trocar pontos de vista. Em tese, a escola é o lugar em
que todos os alunos devem ter as mesmas oportunidades, mas com estratégias de
aprendizagens diferentes; é um local formado por população composta por
diversos grupos étnicos cada um com seus costumes e suas crenças. Na sociedade
atual, a educação escolar crescentemente se faz indispensável para a cidadania
autônoma e competente. Embora não seja a escola o único lugar onde acontece a
educação, constitui-se em um espaço especialmente organizado para que se dê a
construção de valores, conhecimentos e habilidades necessários ao pleno,
consciente e responsável exercício da democracia. A escola viabiliza o
desenvolvimento do espírito crítico, a observação e o reconhecimento do outro
em todas as suas dimensões, e é a instituição responsável pela passagem da vida
particular e familiar para o domínio público. A escola tem, assim, função
social reguladora e formativa para os alunos. É a instituição por intermédio da
qual a criança se introduz no mundo público, e daí a importância do papel do
Estado em relação a todas elas.
Nenhum comentário:
Postar um comentário