O
professor transmite sabedoria, incentiva o bom senso e o bom gosto. Mergulha
fundo no oceano de dúvidas que o aluno tem no coração, e traz o tesouro
pulsante lá submerso. Educa, orienta, aviva a chama na consciência de cada. Ao
polir a pedra bruta consegue intenso brilhante.
Bom
professor é aquele que não exige, não cobra — obtém. Não corrige — mostra o porquê.
Não hesita quando avalia, não constrange quando examina. E nunca faz da nota
uma espada.
O
bom professor não só ensina, compreende. Não levanta a voz, amplifica o verbo,
convence. É sério — mas ri da própria seriedade. Fala do êxtase, da alegria e
da profunda emoção que explode no seu peito quando ensina, como pétalas no riso
de quem ama.
O
professor mostra ao aluno a diferença entre o silogismo e a serpente. Ensina-o
a extrair raiz quadrada com poesia. Demonstra como ser ousado sem ser burro.
Jamais abusa da confiança do aluno, não lhe invade o espaço, não procura
condicioná-lo. Não cria relações de dependência, nem exerce dominação sádica
sobre ele. Infunde-lhe o respeito absoluto pela vida. Prefere o aluno criativo
ao bem-comportado. Nunca o explora, é só o conquistador de um novo mundo, que
leva o aluno a ver mais — mais alto e mais longe.
Não
levanta paredes em torno do aluno, e sim derruba aquelas que houver. Abre-lhe
as portas da vida, com veemência. Não o repreende, não o censura, não o
recrimina. Mostra ao aluno a importância da inteligência na determinação do seu
futuro. O velho dilema entre a caneta e a vassoura...
Como
Sócrates, o bom professor não vê glórias no que sabe, não esconde o que
conhece, nem oculta o que possa não saber. Brinca, tem confiança em si, e não
faz da escola uma cela.
Moderno,
convence o aluno a saltar os muros da tradição, porque a aventura está sempre
do outro lado. Lógico, respeita aquele que aprendeu a questionar. Não o sufoca
com preconceitos nem com juízos de valor. Nem lhe causa medo algum. Transmite
confiança, pega na mão, aplaude, incentiva, suporta, conduz, ampara na
travessia.
Não
é hipócrita, faz o que diz e diz o que pensa. É um farol que não vela o que
descobre. Mostra um caminho. E não apenas mostra — demonstra, comprova, define.
Aranha
em teia de luz, o professor não prende — liberta. Carrega o giz como fosse uma
flor, com amor. E quando faz a linha tem firmeza, mas não separa. Ora Dali, ora
Picasso, vai colocando a tinta, pondo seu traço, amando seu gesto, compondo a
canção. Enaltece o risco do sonho, o círculo do fogo, a pureza da alma, o
princípio da vida, o anel da esperança.
Considera
o aluno obra de arte quase inacabada. Ama-o como se fosse um anjo. E nunca vai
matar-lhe no peito a vontade de ser livre.
O
professor é o amigo sincero que ajuda o aluno a superar os limites da vida,
desbravando com determinação e ousadia essa fantástica região chamada
Experiência.
Nenhum comentário:
Postar um comentário