Falar sobre avaliação não é novidade,
muito se tem discutido sobre o tema no contexto escolar. Procura-se uma
verdadeira definição para tal, justamente porque esse tem sido um dos aspectos
mais polêmicos na prática pedagógica. Mesmo esta sendo uma prática social
ampla, pela própria capacidade que o ser humano tem de observar, refletir e
julgar, a avaliação vem sendo utilizada ao longo das décadas como mera
atribuição de notas, visando somente a promoção ou reprovação do aluno.
Avaliar vem do latim a + valere, que significa atribuir valor e
mérito ao objeto em estudo. Portanto, avaliar é atribuir um juízo de valor
sobre a propriedade de um processo para a aferição da qualidade do seu
resultado, porém, a compreensão do processo de avaliação do processo
ensino/aprendizagem tem sido pautada pela lógica da mensuração, isto é,
associa-se o ato de avaliar ao de “medir” os conhecimentos adquiridos pelos
alunos.
Então, vamos refletir: É preciso mesmo atribuir notas? Quando se
registra, em forma de nota, o resultado obtido pelo aluno, fragmenta-se o
processo de avaliação e introduz-se uma burocratização que leva à perda do
sentido do processo e da dinâmica da aprendizagem. Pensando a avaliação como
aprovação ou reprovação, a nota torna-se um fim em si mesma, ficando
distanciada e sem relação com as situações de aprendizagem. Essencialmente, no
modelo tecnicista, que privilegia a atribuição de notas e a classificação dos
estudantes, ela é ameaçadora, uma arma. Vira instrumento de poder e dominação,
capaz de despertar o medo. Lembrando que a avaliação da aprendizagem não é algo
meramente técnico. Envolve autoestima, respeito à vivência e cultura própria do
indivíduo, filosofia de vida, sentimentos e posicionamento político.
Avaliação, conforme define Luckesi (1999, p.
33), "é como um julgamento de valor sobre manifestações relevantes da
realidade, tendo em vista uma tomada de decisão". Luckesi
alerta que a avaliação com função classificatória não auxilia em nada o avanço
e o crescimento do aluno e do professor, pois se constitui num instrumento
estático e frenador de todo o processo educativo. Segundo este, a avaliação com
função diagnóstica, ao contrário da classificatória, constitui-se num momento
dialético do processo de avançar no desenvolvimento da ação e do crescimento da
autonomia. No entender de Luckesi (1999, p.43) “para não ser autoritária e
conservadora, a avaliação tem a tarefa de ser diagnóstica, ou seja, deverá ser
o instrumento dialético do avanço, terá de ser o instrumento da identificação
de novos rumos”.
Segundo os
especialistas, a avaliação interessa a quatro públicos:
- Ao aluno, que tem o direito de conhecer o próprio processo de aprendizagem para se empenhar na superação das necessidades;
- Aos pais, corresponsáveis pela Educação dos filhos e por parte significativa dos estímulos que eles recebem;
- Ao professor, que precisa constantemente avaliar a própria prática de sala de aula;
- À equipe docente, que deve garantir continuidade e coerência no percurso escolar de todos os estudantes.
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