terça-feira, 11 de março de 2014

AVALIAR SIGNIFICA ATRIBUIR NOTAS?



           Falar sobre avaliação não é novidade, muito se tem discutido sobre o tema no contexto escolar. Procura-se uma verdadeira definição para tal, justamente porque esse tem sido um dos aspectos mais polêmicos na prática pedagógica. Mesmo esta sendo uma prática social ampla, pela própria capacidade que o ser humano tem de observar, refletir e julgar, a avaliação vem sendo utilizada ao longo das décadas como mera atribuição de notas, visando somente a promoção ou reprovação do aluno.
             Avaliar vem do latim a + valere, que significa atribuir valor e mérito ao objeto em estudo. Portanto, avaliar é atribuir um juízo de valor sobre a propriedade de um processo para a aferição da qualidade do seu resultado, porém, a compreensão do processo de avaliação do processo ensino/aprendizagem tem sido pautada pela lógica da mensuração, isto é, associa-se o ato de avaliar ao de “medir” os conhecimentos adquiridos pelos alunos. 
            Então, vamos refletir: É preciso mesmo atribuir notas?  Quando se registra, em forma de nota, o resultado obtido pelo aluno, fragmenta-se o processo de avaliação e introduz-se uma burocratização que leva à perda do sentido do processo e da dinâmica da aprendizagem. Pensando a avaliação como aprovação ou reprovação, a nota torna-se um fim em si mesma, ficando distanciada e sem relação com as situações de aprendizagem. Essencialmente, no modelo tecnicista, que privilegia a atribuição de notas e a classificação dos estudantes, ela é ameaçadora, uma arma. Vira instrumento de poder e dominação, capaz de despertar o medo. Lembrando que a avaliação da aprendizagem não é algo meramente técnico. Envolve autoestima, respeito à vivência e cultura própria do indivíduo, filosofia de vida, sentimentos e posicionamento político. 
               Avaliação, conforme define Luckesi (1999, p. 33), "é como um julgamento de valor sobre manifestações relevantes da realidade, tendo em vista  uma tomada de decisão".  Luckesi alerta que a avaliação com função classificatória não auxilia em nada o avanço e o crescimento do aluno e do professor, pois se constitui num instrumento estático e frenador de todo o processo educativo. Segundo este, a avaliação com função diagnóstica, ao contrário da classificatória, constitui-se num momento dialético do processo de avançar no desenvolvimento da ação e do crescimento da autonomia. No entender de Luckesi (1999, p.43) “para não ser autoritária e conservadora, a avaliação tem a tarefa de ser diagnóstica, ou seja, deverá ser o instrumento dialético do avanço, terá de ser o instrumento da identificação de novos rumos”.

 Segundo os especialistas, a avaliação interessa a quatro públicos:
  • Ao aluno, que tem o direito de conhecer o próprio processo de aprendizagem para se empenhar na superação das necessidades;
  • Aos pais, corresponsáveis pela Educação dos filhos e por parte significativa dos estímulos que eles recebem;
  • Ao professor, que precisa constantemente avaliar a própria prática de sala de aula;
  • À equipe docente, que deve garantir continuidade e coerência no percurso escolar de todos os estudantes.

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