Foi o presidente da Fifa que organizou a primeira Copa
do Mundo de futebol da história e tinha por objetivo unir os povos dos dois
hemisférios em torno do esporte bretão. Tal objetivo decorria do caráter do
francês. Rimet, nascido em 1873, atuava em sua juventude contra as
desigualdades sociais, sendo politicamente ligado à democracia cristã.
No âmbito
esportivo, criou, em 1897, o Red Star Club, um conjunto poliesportivo destinado
à participação de operários, buscando estimular neste clube aberto um convívio
igualitário. Mas para levar este ideal de confraternização à Fifa ainda
demoraria um tempo.
A Fifa foi
criada em 21 de maio de 1904, com o objetivo de coordenar as diversas
associações nacionais e uniformizar as regras do jogo. Os países-membros iniciais
foram a França, Bélgica, Dinamarca, Holanda, Espanha, Suécia e Suíça, sendo que
a Inglaterra, berço do futebol, entraria na instituição apenas um ano depois.
Rimet foi
eleito presidente da Federação Francesa de Futebol em 1919, sendo que antes já
havia tentado elaborar projetos para a organização de uma competição envolvendo
diversos países praticantes do esporte. A dificuldade principal era o conflito
bélico em torno da Primeira Guerra Mundial. Depois do fim do conflito, Rimet
tentou utilizar o esporte como meio de diplomacia entre os países que estavam
anteriormente em guerra. Tal situação foi dificultada pelo fato de os países
rivais dificilmente se enfrentarem. Isso ocorria apenas com as equipes dos
países aliados. Mas mesmo com as dificuldades, ele não se afastou de seu
objetivo.
Em 1º de março de 1921, Rimet foi eleito presidente da Fifa, com o
objetivo principal de realizar uma Copa do Mundo. Os Jogos Olímpicos de Paris,
realizados em 1924, reforçariam a sua defesa do caráter diplomático do esporte,
podendo se transformar em um meio de difusão dos princípios de paz e
confraternização. Durante a competição, o futebol apresentado pela equipe do
Uruguai encantou os espectadores e mostrou também que havia no país da América
do Sul uma população apaixonada pelo esporte. Rimet percebeu que poderia ser
neste país o local para a realização da primeira Copa do Mundo.
Em 1925, Rimet se encontrou com o embaixador
uruguaio Enrique Buero, em Genebra, na Suíça. O uruguaio gostou da ideia
apresentada pelo francês de que o país sul-americano poderia sediar a primeira Copa do Mundo. Mas
precisaria antes convencer os demais membros da Fifa a realizarem o evento e
escolherem o Uruguai como sede.
Para o convencimento dos dirigentes havia o desafio
de realizar um projeto muito bem estruturado, principalmente no aspecto
financeiro, que não causasse prejuízos à Fifa. Rimet organizou a formação de
uma comissão, composta com o intuito de elaborar o projeto para a realização do
evento. Apresentado em 26 de maio de 1928, ele estipulava que para a realização
da Copa do Mundo seria dada uma garantia financeira pelo país organizador, que
consistia no pagamento das despesas de viagem e estadia dos participantes da
competição.
Entre os países que disputaram a eleição para serem
o país sede estavam Hungria, Itália, Holanda, Espanha, Suécia e Uruguai, sendo
este último o escolhido. Pesou a favor do Uruguai principalmente o fato de ter
sido bicampeão olímpico em 1924 e 1928, e por estar comemorando, em 1930, o
centenário de sua independência. Para a competição, o Estado uruguaio inclusive
construiu um imenso estádio para receber as partidas mais importantes da
competição. Com 108 mil lugares, o estádio Centenário seria o palco da grande
final entre os rivais Argentina e Uruguai. Os presentes no estádio ficaram em
festa com a comemoração da vitória uruguaia por 4 a 2. Colocando nas mãos do
capitão da equipe uruguaia Nazzazi a Copa do Mundo, Jules Rimet mostrou ao
mundo o troféu de ouro que anos mais tarde receberia seu nome.
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