Foi
um quilombo
da era colonial brasileira. Localizava-se na Serra da
Barriga, na então Capitania de Pernambuco, região hoje
pertencente ao município de União dos Palmares, no estado brasileiro de Alagoas.
Conheceu
o seu auge na segunda metade do século XVII,
constituindo-se no mais emblemático dos quilombos formados no período
colonial. Resistiu por mais de um século,
o seu mito transformando-se em moderno símbolo da resistência do africano
à escravatura.
Antecedentes
As
primeiras referências a um quilombo na região remontam a 1580, formado por escravos
fugitivos de engenhos das Capitanias de Pernambuco e da Bahia.
No
fim do século XVI,
o quilombo ocupava uma vasta área coberta de palmeiras,
que se estendia do cabo de Santo Agostinho ao rio São Francisco. Um século mais tarde, esse
território encontrava-se reduzido à região de Una e Serinhaém,
em Pernambuco, Porto Calvo e São Francisco, atual Penedo, em
Alagoas.
O apogeu
À época das invasões holandesas do Brasil (1624-1625 e
1630-1654), com a perturbação causada nas rotinas dos engenhos de açúcar,
registrou-se um crescimento da população em Palmares, que passou a formar diversos
núcleos de povoamento (mocambos). Os principais foram:
- Macaco - o maior, centro político do quilombo, contando com cerca de 1.500 habitações;
- Subupira - centralizava as atividades militares, contando com cerca de 800 habitações;
- Zumbi- o líder do seu povo.
- Tabocas
Embora não
se possa precisar o número de habitantes nos Palmares, de vez que a população
flutuava ao sabor das conjunturas, historiadores estimam que, em 1670, alcançou cerca de
vinte mil pessoas.
Essa
população sobrevivia graças à caça, à pesca, à coleta de frutas (manga, jaca, abacate
e outras) e à agricultura (feijão,
milho,
mandioca,
banana,
laranja
e cana-de-açúcar). Complementarmente, praticava o
artesanato:
(cestas,
tecidos,
cerâmica,
metalurgia).
Os excedentes eram comercializados com as populações vizinhas, de tal forma que
colonos chegavam a alugar terras para plantio e a trocar alimentos por munição
com os quilombolas.
Pouco se
sabe, também, acerca da organização política do quilombo. Alguns supõem que se
constituiu ali um verdadeiro Estado, nos moldes dos reinos africanos, sendo os
diversos mocambos governados por oligarcas sob a chefia suprema de um líder.
Outros apontam para a possibilidade de uma descentralização do poder entre os
diferentes grupos, pertencentes às diversas etnias que formavam os
núcleos de quilombos, que delegavam esse poder a lideranças militares conforme
o seu prestígio. As mais famosas lideranças foram Ganga Zumba
e seu sobrinho, Zumbi. Apesar disso, alguma forma de trabalho
compulsório também foi praticada dentro do quilombo.
A repressão
Com
a expulsão dos holandeses do Nordeste do Brasil, acentuou-se a carência de mão de obra
para a retomada de produção dos engenhos de açúcar da região. Dado o elevado
preço dos escravos africanos, os ataques a Palmares aumentaram, visando a
recaptura de seus integrantes.
A
prosperidade de Palmares, por outro lado, atraía atenção e receio, e o governo
colonial sentiu-se obrigado a tomar providências para afirmar o seu poder sobre
a região. Em carta à Coroa Portuguesa, um Governador-geral reportou que os
quilombos eram mais difíceis de vencer do que os holandeses (neerlandeses).
Foram
necessárias, entretanto, cerca de dezoito expedições, organizadas desde o
período de dominação holandesa, para erradicar definitivamente o Quilombo dos
Palmares.
No
último quartel do século XVII, Fernão
Carrilho ofereceu a Ganga Zumba, um líder que implementou táticas de
guerrilha na defesa do território, um tratado de paz (1677). Por seus termos,
era oferecida a liberdade aos nascidos no quilombo, assim como terras inférteis
na região de Cocaú. Grande parte dos quilombolas
rejeitou os termos desse acordo, nitidamente desfavoráveis e, na disputa então
surgida, Ganga Zumba foi envenenado, subindo ao poder o seu irmão, Ganga Zona,
aliado dos portugueses. O acordo foi, desse modo, rompido, tendo os dissidentes
se restabelecido em Palmares, sob a liderança de Zumbi.
No
primeiro momento, Zumbi substituiu a estratégia de defesa passiva por um tipo
de estratégia de guerrilha, com a prática de ataques de surpresa a engenhos,
libertando escravos e apoderando-se de armas, munições e suprimentos,
empregando-os em novos ataques.
Após
várias investidas relativamente infrutíferas contra Palmares, o governador e
Capitão-general da capitania de Pernambuco, Caetano de Melo e Castro, contratou o bandeirante
Domingos Jorge Velho e o Capitão-mor Bernardo Vieira de Melo para erradicar de
vez a ameaça dos escravos fugitivos na região.
O
quilombo passou a ser atacado pelas forças do bandeirante e, mesmo experientes
na guerra de extermínio, tiveram grandes dificuldades em vencer as táticas dos
quilombolas, mais elaboradas que a dos indígenas
com quem haviam tido contato. Adicionalmente, tiveram problemas para contornar
a inimizade surgida com os colonos da região, vítimas de saques dos
bandeirantes em diversas ocasiões.
Em
janeiro de 1694,
após um ataque frustrado, as forças do bandeirante iniciaram uma empreitada
vitoriosa, com um contingente de seis mil homens, bem armados e municiados,
inclusive com artilharia. Um quilombola, Antônio Soares, foi capturado e,
mediante a promessa de Domingos Jorge Velho de que seria libertado em troca da
revelação do esconderijo do líder, Zumbi foi encurralado e morto em uma
emboscada, a 20 de novembro de 1695.
A cabeça
de Zumbi foi cortada e conduzida para Recife, onde
foi exposta em praça pública, no alto de um mastro, para
servir de exemplo a outros escravos.
Sem
a liderança militar de Zumbi, por volta do ano de 1710, o quilombo desfez-se
por completo.
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