É
bom para um país ter um litoral, ou pelo menos uma boa parte da sua população
perto do mar, e isso não serve apenas para viagens de férias. Estudos recentes
estão confirmando o que muitos economistas sempre souberam: a geografia faz
toda a diferença. E o tamanho também.
Isso pode ser especialmente relevante para a África, ajudando a explicar por
que ela é o continente mais pobre do mundo e está ficando cada vez mais para
trás. "(Na África) há mais países sem saída para o mar, com
pequenas populações, do que em qualquer outra região", diz o Programa
de Desenvolvimento da Organização das Nações Unidas (Pnud). "Isso
impede o crescimento, por encarecer as exportações e limitar os incentivos a
investimentos estrangeiros diretos".
No seu Relatório do Desenvolvimento Humano de 2003, o Pnud analisa as taxas de
crescimento econômico de 1980 a 1998 pelo ângulo do tamanho da população e dos
fatores geográficos. São classificados como países pequenos, aqueles que tinham
menos de 40 milhões de habitantes em 1990, enquanto aqueles com mais de três
quartos da população vivendo a mais de cem quilômetros do litoral foram
qualificados de isolados do mar - mesmo que eles tenham um litoral.
"Países pequenos e sem acesso ao mar experimentaram muito menos sucesso
econômico no mesmo período (que os países maiores ou litorâneos)", diz
o relatório. "As conclusões são especialmente relevantes para a África,
já que 33 dos 55 países considerados pequenos ou sem acesso ao mar estão no
continente".
Desde
Adam Smith, no século 18, os economistas afirmam que a geografia é um
ingrediente básico do sucesso econômico, e nos últimos anos os analistas
começaram a examinar mais de perto sua influência sobre o desenvolvimento.
"Quase todos os países sem acesso ao mar são pobres, exceto por algumas
nações da Europa Ocidental que são profundamente integradas ao mercado regional
europeu", diz um documento de 1998, apresentado por John Luke Gallup e
Jeffrey Sachs à Conferência Anual dos Bancos sobre Economia do Desenvolvimento.
Há
várias razões para isso. "A geografia está tendo um papel-chave na luta
de muitos países africanos para avançar, e pequenos países sem saída para o mar
enfrentam um desafio particular", afirmou o economista David Stewart,
do Pnud. "Com pequenos mercados internos e altos custos para
atingir as rotas globais de comércio, as economias desses países são pequenas
demais para atrair os investimentos necessários para se diversificar (e fugir)
das commodities primárias - um passo vital no desenvolvimento".
É claro que há pouco que um país possa fazer contra a sua geografia, a não ser
invadir e anexar uma nação vizinha. Mas a localização geográfica não precisa
ser tão determinante. "A geografia não é um destino - políticas como as
de integração regional e investimentos em infra-estrutura podem romper essas
barreiras", disse Stewart.
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