Para se ter
alguma noção de como a Educação de Jovens e adultos aconteceu no Brasil, se faz
necessário um retrospecto da história das últimas quatro décadas da ação do
Estado no campo da EJA. Sendo estes: “Fundação Mobral (1967 – 1985), da
Fundação Nacional para Educação de Jovens e Adultos – Fundação Educar (1986 –
1990) e do Programa Brasil Alfabetizado (2003 – atual)” (SUZUKI, 2009, p. 16).
Como ponto de
partida é o Movimento Brasileiro de Alfabetização – Fundação Mobral foi
criado no período da ditadura militar para responder às necessidades do Estado
autoritário.
O Mobral –
Movimento Brasileiro de Alfabetização, criado em 1967 (embora só inicie
suas atividades em 1969) e funcionando com uma estrutura paralela e autônoma em
relação ao Ministério da Educação, reedita uma campanha em âmbito nacional
conclamando a população a fazer a sua parte: “você também é responsável, então
me ensine a escrever, eu tenho a minha mão domável, eu sinto a sede do saber”.
O Mobral surge com força e muitos recursos. Recruta alfabetizadores sem muitas
exigências: repete-se, assim, a despreocupação com o fazer e o saber docentes –
qualquer um que saiba ler e escrever pode também ensinar. Qualquer um, de
qualquer forma e ganhando qualquer coisa (GALVAO; SOARES, 2004, p. 45-46).
Desta
maneira, foram recrutados pessoas que sabiam ler e escrever para ensinar quem
não sabia ler ou escrever. Essas pessoas muitas vezes só tinham este
conhecimento, na maioria das vezes não tinha nenhum grau de escolaridade.
O Mobral foi
extinto em 1985, surgindo desta forma a Fundação Educar, que desempenhou um
papel relevante na atuação do Ministério da Educação junto a Prefeituras
municipais e organizacionais da sociedade civil, com destaque nos movimentos
sociais e populares.
Mudanças
significativas foram perceptíveis na condução da formação do educador e na
concepção político-pedagógico do processo de ensino-aprendizagem. O período foi
marcado pelos conflitos entre Estado e Movimentos Sociais originários pelo
atraso no repasse dos recursos e na defesa da autonomia dos movimentos na
condução dos processos pedagógicos. (FARIAS, 2006, p. 16).
No ano de
1990, sendo este ano Internacional da Alfabetização aconteceu o
contrário, ao invés do Governo de Fernando Collor de Mello dar prioridade a
Educação simplesmente aboliu a Fundação Educar, sendo que não criou nenhuma
outra instância que assumisse suas funções. Desta forma, a partir deste ano o
Governo ausenta-se como articulador e indutor de uma política de alfabetização
de jovens e adultos no Brasil. Em 2002, na gestão do governo de Luís Inácio
Lula da Silva, foi criado o Programa Brasil Alfabetizado e das Ações de
continuidade da EJA.
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