Formada por duas expressões
inglesas – folk e lore-, significa conhecimento popular, que se transmite de
geração a geração, entendendo-se como tradição a tácita aceitação do povo em
relação a um fato historicamente preservado e incorporado ao seu inconsciente.
A norma exigia ainda que para ser folclórico, o fato teria de ser anônimo e
oralmente transmitido.
Hoje já se admite a falta da transmissão oral e do anonimato. Alguns poemas folclóricos têm sido repassados por gerações, através da escrita e nem por isso perderam sua qualificação. O entendimento clássico é que o folclore se como usos, costumes, cerimônias, crenças, romances, refrões, antigas práticas, noções, tradições, superstições e preconceitos do povo comum.
Alagoas é pródigo em em fatos folclóricos, máxime em relação aos folguedos populares. De origem distante, tem raízes cravadas na nossa formação étnica, como, por exemplo, o coco alagoano, umas das mais antigas dessa manifestações. De origem africana, é uma dança típica acompanhada de cantorias e fortes batidas dos pés.
O boi aparece no folclore nordestino em quase todos os estados, como um animal lendário e heroico. Em Alagoas não poderia ser diferente. Aqui, igualmente, é cultuado nos autos populares do bumba-meu-boi e do Reisado, que mostram as façanhas e as desditas desse animal. O folguedo que o representa tem acesso aos festejos carnavalescos, especialmente em Pernambuco e Alagoas. As Baianas são uma variação dos Maracatus pernambucanos, cuja dança conserva elementos dos puxadores de coco.
Seus trajes justificam-lhes os nomes. A dança acontece sob o ritmo da percussão. Esse folguedo também é conhecido por samba de matuto, e não
apresenta enredo. No desenvolvimento da dança incluem-se peças variadas, com
entradas e despedidas O Reisado, de origem portuguesa, é um auto popular
constituído de músicos cantadores e dançadores. Sua característica é a farsa do
Boi. O Guerreiro assemelha-se ao Reisado, apresentando, contudo, maior número
de figurantes. É igualmente multicolorido e exibe dançadores e cantadores
ricamente trajados. O grupo é composto, em média, por 46 personagens, entre os
quais, rei, rainha, mestre e contramestre. As Taierias são tão comuns como o
pastoril. É uma dança típica que mostra caráter religioso-afro-brasileiro.
De todas essas manifestações, a cavalhada é a que mais se desenvolveu em quase
todos os municípios alagoanos, talvez pelo espírito aventureiro que desperta.
Lembra os cavaleiros medievais em seus famosos torneios. Caracteriza-se por um
desfile variado do cavalo e do cavaleiro. Chegança é um auto que focaliza temas marítimos. Reproduz a luta travada pela
marujada contra os mouros infiéis. Sua origem é portuguesa. O Fandango também
retrata assuntos marítimos, sem, contudo expor um enredo claro. Exige, para sua
apresentação, alguns elementos fundamentais. É apresentado em um barco onde são
entoadas várias cantigas de época e origem diversificada. Um destaque também
para a Fanfarra, que é formada por um grupo musical em forma de orquestra, em
que os músicos e dançarinas bem trajados á caráter, apresentam-se sob a batuta
de um maestro.
A cidade de Viçosa se destaca, em Alagoas, por sua vocação para o folclore.
Daqui saíram três grandes estudiosos dessa Ciência: Théo Brandão, José Aloísio
Vilela e Pedro Teixeira de Vasconcelos. Dois Museus cuidam da preservação desse
patrimônio de Alagoas: o Museu Théo Brandão, em Maceió, mantido pela Universidade
Federal de Alagoas e o Museu José Aloísio Vilela, na cidade de viçosa. Faz-se
justiça mencionar também o esforço despendido durante décadas pelo pesquisador
e folclorista Ranilson França, em sua luta solitária pela preservação dos
grupos folclóricos, especialmente daqueles sem via de extinção, bem como na
pesquisa constante e enriquecedora.
O folclore alagoano, como de resto, o de todo o Nordeste, traz em seu bojo a
contribuição das três raças que compõem a nossa formação étnica. Do ameríndio é
mais modesta essa contribuição, posto que absorvido pela catequese e a extinção
a que fora condenado, perdeu quase por completo sua tradição e padrões de vida.
Mas foi a Europa que predominou nessa contribuição que se estendeu ao folclore
de maneira decisiva. Doou uma tempestade de textos, a harmonia melódica e o
lirismo que permeia a nossa música, como também a forma de versejar com suas
quadraturas e estrofes. Isso bastaria, não fosse ainda o acervo instrumental
que nos legol, tais como o violão, a viola, o cavaquinho e o piano, dos quais
outros instrumentos germinaram.
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