segunda-feira, 18 de agosto de 2014

O FOLCLORE DE ALAGOANO



Formada por duas expressões inglesas – folk e lore-, significa conhecimento popular, que se transmite de geração a geração, entendendo-se como tradição a tácita aceitação do povo em relação a um fato historicamente preservado e incorporado ao seu inconsciente. A norma exigia ainda que para ser folclórico, o fato teria de ser anônimo e oralmente transmitido.

Hoje já se admite a falta da transmissão oral e do anonimato. Alguns poemas folclóricos têm sido repassados por gerações, através da escrita e nem por isso perderam sua qualificação. O entendimento clássico é que o folclore se como usos, costumes, cerimônias, crenças, romances, refrões, antigas práticas, noções, tradições, superstições e preconceitos do povo comum.

Alagoas é pródigo em em fatos folclóricos, máxime em relação aos folguedos populares. De origem distante, tem raízes cravadas na nossa formação étnica, como, por exemplo, o coco alagoano, umas das mais antigas dessa manifestações. De origem africana, é uma dança típica acompanhada de cantorias e fortes batidas dos pés.

O boi aparece no folclore nordestino em quase todos os estados, como um animal lendário e heroico. Em Alagoas não poderia ser diferente. Aqui, igualmente, é cultuado nos autos populares do bumba-meu-boi e do Reisado, que mostram as façanhas e as desditas desse animal. O folguedo que o representa tem acesso aos festejos carnavalescos, especialmente em Pernambuco e Alagoas. As Baianas são uma variação dos Maracatus pernambucanos, cuja dança conserva elementos dos puxadores de coco.

Seus trajes justificam-lhes os nomes. A dança acontece sob o ritmo da percussão. Esse folguedo também é conhecido por samba de matuto, e não apresenta enredo. No desenvolvimento da dança incluem-se peças variadas, com entradas e despedidas O Reisado, de origem portuguesa, é um auto popular constituído de músicos cantadores e dançadores. Sua característica é a farsa do Boi. O Guerreiro assemelha-se ao Reisado, apresentando, contudo, maior número de figurantes. É igualmente multicolorido e exibe dançadores e cantadores ricamente trajados. O grupo é composto, em média, por 46 personagens, entre os quais, rei, rainha, mestre e contramestre. As Taierias são tão comuns como o pastoril. É uma dança típica que mostra caráter religioso-afro-brasileiro.
 
De todas essas manifestações, a cavalhada é a que mais se desenvolveu em quase todos os municípios alagoanos, talvez pelo espírito aventureiro que desperta. Lembra os cavaleiros medievais em seus famosos torneios. Caracteriza-se por um desfile variado do cavalo e do cavaleiro. Chegança é um auto que focaliza temas marítimos. Reproduz a luta travada pela marujada contra os mouros infiéis. Sua origem é portuguesa. O Fandango também retrata assuntos marítimos, sem, contudo expor um enredo claro. Exige, para sua apresentação, alguns elementos fundamentais. É apresentado em um barco onde são entoadas várias cantigas de época e origem diversificada. Um destaque também para a Fanfarra, que é formada por um grupo musical em forma de orquestra, em que os músicos e dançarinas bem trajados á caráter, apresentam-se sob a batuta de um maestro.
 
A cidade de Viçosa se destaca, em Alagoas, por sua vocação para o folclore. Daqui saíram três grandes estudiosos dessa Ciência: Théo Brandão, José Aloísio Vilela e Pedro Teixeira de Vasconcelos. Dois Museus cuidam da preservação desse patrimônio de Alagoas: o Museu Théo Brandão, em Maceió, mantido pela Universidade Federal de Alagoas e o Museu José Aloísio Vilela, na cidade de viçosa. Faz-se justiça mencionar também o esforço despendido durante décadas pelo pesquisador e folclorista Ranilson França, em sua luta solitária pela preservação dos grupos folclóricos, especialmente daqueles sem via de extinção, bem como na pesquisa constante e enriquecedora.
 
O folclore alagoano, como de resto, o de todo o Nordeste, traz em seu bojo a contribuição das três raças que compõem a nossa formação étnica. Do ameríndio é mais modesta essa contribuição, posto que absorvido pela catequese e a extinção a que fora condenado, perdeu quase por completo sua tradição e padrões de vida. Mas foi a Europa que predominou nessa contribuição que se estendeu ao folclore de maneira decisiva. Doou uma tempestade de textos, a harmonia melódica e o lirismo que permeia a nossa música, como também a forma de versejar com suas quadraturas e estrofes. Isso bastaria, não fosse ainda o acervo instrumental que nos legol, tais como o violão, a viola, o cavaquinho e o piano, dos quais outros instrumentos germinaram.

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