I - DESCRIÇÃO HISTÓRICA
A primeira sede do Município de Rio Largo foi Santa
Luzia do norte. Diz-se que Jerônimo de Albuquerque, irmão de D. Brites, foi
quem primeiro pisou o solo do Município, quando da guerra de extermínio aos
índios Caetés. Segundo Gabriel soares, referido por Melo Moraes, um cego
estabelecera-se ali, nos princípios do século XVII, e recobrara a visão. Em
razão desse milagre, atribuído à Santa, em sua honra foi dado ao local o nome
de Santa Luzia de Siracusa, que posteriormente tomou o nome de Santa Luzia do
Norte.
Contam, também, que teria tido aquela localidade o
nome de "OUTEIRO DE SÃO BENTO", por haver existido um convento
religioso da Ordem Beneditina. Santa Luzia do Norte, um dos mais antigos
aglomerados urbanos de Alagoas, chegou a ser, nos tempos coloniais e, até
mesmo, anos depois, o mais importante povoado das margens da lagoa do norte e
do rio Mundaú. No ano de 1633, durante a guerra holandesa, os
"batavos" incendiaram a Alagoana, hoje Marechal Deodoro, e marcharam
contra Santa Luzia do Norte, encontrando tenaz resistência por parte dos
comandados de Antônio Lopes Figueiras, que defenderam valentemente a povoação.
A Cidade foi libertada e pouco sofreu, mas, Antônio
Lopes faleceu em pleno combate.
A estrada de ferro construída no Estado não passava
em Santa Luzia do Norte, o que contribuiu para sua decadência, ao passo que se
desenvolvia Rio Largo, à margem da estrada e a pequena distância da Capital.
Daí resultou a transferência da sede do Município.
O nome Rio Largo se originou de um engenho de
açúcar, existente no local onde o rio Mundaú apresenta mais largura. No começo,
o engenho pertencia a descendentes dos Calheiros de Melo, sendo fracionado por
herança e reconstituído, posteriormente, através de diversas transações
realizadas por Felipe de Brito. Foi depois vendido a D. Rosa lima Lins, também
descendentes dos Calheiros de Melo. Nos fins do século XIX, duas Companhias
(fundidas posteriormente na Companhia Alagoana de Fiação e Tecidos) adquiriram
terras do Engenho Rio Largo e do Engenho Cachoeira do Regente, limítrofe, e
montaram duas fábricas para industrialização de fibras têxteis. Para tanto,
aproveitaram-se das facilidades de energia hidráulica, decorrentes do
aproveitamento de pequenas cachoeiras formadas pelo rio Mundaú. Por outro lado,
a linha férrea passando na localidade, muito contribuiu para o desenvolvimento
do centro industrial.
Assim
floresceu Rio Largo.
A
história de Rio Largo é, portanto, a de Santa Luzia do Norte.
A vila foi criada por decreto de 10 de dezembro de
1830, do Governo Geral. Em 1900, a Lei n.º 282, de 18 de junho, criou o
Município Judiciário de Santa Luzia do Norte.
A Lei n.º 696, de 13 de julho de 1915, transferiu a
sede para Rio Largo, que recebeu a categoria de Cidade. Atendendo ao dispunha o
artigo 3º do Decreto-Lei Federal n.º 311, de 02 de março de 1938, e de acordo
com o artigo 3º parágrafo primeiro, do Decreto-Lei n.º 2.909, de 30 de dezembro
de 1943, o município tomou a denominação de sua sede, isto é, mudou sua
nomenclatura de Santa Luzia do Norte para Rio Largo. Do seu território nenhum
Município foi desmembrado até 1960, quando se verificou a emancipação de
Satuba. Naquele ano Santa Luzia do Norte e Coqueiro Seco eram distritos de Rio
Largo, tendo deixado de sê-lo em 23 de agosto de 1962, passando a constituir
distritos adidos a Satuba.
Ao ser criada a Comarca de Pilar, em 1862, Rio
Largo passou a pertencer-lhe como termo, posteriormente elevado a Comarca.
Em 1931 teve em sua jurisdição o termo de Murici,
perdendo-o em 1934, quando foi restaurada a Comarca do mesmo nome.
A primeira paróquia de Rio Largo foi criada em 13
de junho de 1941. No município, existem, além da Paróquia de Nossa Senhora da
Conceição, as paróquias de Utinga e do Santíssimo Coração, esta sob a orientação
e responsabilidade comunitária da ordem religiosa do Santíssimo Coração de
Jesus, de origem holandesa.
As atividades dessas paróquias estão relacionadas à
Arquidiocese de Maceió, tendo a Cidade de Rio Largo como padroeira Nossa
Senhora da Conceição.
A Câmara Municipal é composta de dez Vereadores e o
Poder Executivo é exercido por um Prefeito e um Vice-Prefeito. A atual Prefeita
de Rio Largo é a Dr.ª Fátima.
A população atual do Município de Rio Largo é de 68.518. (IBGE 2010)
II - ASPECTO GEOGRÁFICO
1 - ASPECTO FÍSICO
1.1 LOCALIZAÇÃO
O Município de Rio Largo acha-se situado na parte
Leste do Estado de Alagoas, na Zona fisiográfica do Litoral, integrando a
Micro-Região Homogênea n.º 120(Maceió), conforme se pode apreciar no mapa
abaixo. Suas Coordenadas geográfica são 9º29' 4'' S e 35º 49' 54'' O,
limitando-se com os seguintes municípios:
- ao Norte - Messias e Murici
- ao Sul - Satuba e Pilar
- ao Leste - Maceió
- ao Oeste - Atalaia
O Município de Rio Largo abrange uma área de 213
Km2, em que se situam um único distrito e o povoado de Tabuleiro do Pinto
A sede Municipal dista, em linha reta apenas 22 Km,
da Capital do Estado, estando numa altitude de 45m.
1.2 Geomorfologia
A geomorfologia de Rio Largo está em concordância
com as características gerais de origem terciária, que se distinguem nos
tabuleiros do Planalto Brasileiro, em Alagoas, destacando-se as ondulações do
terreno, predominantes na sede do Município. Os índices de declividade atingem
cerca de 30%, em alguns locais.
Oriundos do quaternário, notamos terrenos de
aluvião e arenitos, datando no entanto do terciário a formação predominante,
com a apresentação das "Formações Barreiras", que se constatam pela
presença de arenitos argilosos e argilitos.
Faz-se sentir a presença do cretáceo através da
"Formação Satuba", que tem caráter local, em parte.
Ressalve-se a existência, em sua constituição
geológica, do "Pré-Cambriano Superior", realçado pela presença de
granitos, ganisses e mignatitos.
O contorno de sua modelação topográfica acha-se
suavizado pelo equilíbrio do perfil, onde o terreno tende a um aplainamento
pela ação de forças erosivas, pluviais e eólicas.
Por seu turno, é nítido o vale escavado pelo rio
Mundaú, sobre o capeamento da "Formação Barreiras".
1.3 Hidrografia
O curso hidrográfico de destaque máximo é o rio
Mundaú, que banha o Município no sentido Norte-Sul, numa extensão de,
aproximadamente, 20 km2, desde os limites com o município de Murici até Satuba.
O referido rio sofre um alargamento no seu leito,
dando lugar à formação de uma ilhota, que se liga, por uma ponte de pequena
extensão, à sede municipal.
O leito do rio é, em vários trechos, palco de
pequenos encachoeiramentos, graças à formação rochosa do seu curso. Dentre
outras de menor importância, destaca-se a queda d'água denominada, localmente,
de "Cachoeira", no subúrbio de Gustavo Paiva, que foi aproveitada em
parte pela Companhia Alagoana de Fiação e Tecidos.
O rio Mundaú é perene e apresenta, em Rio Largo, alguns
trechos com largura superior a 25m, tendo suas máximas e mínimas dependentes
das cotas pluviométricas locais.
Em regra, na região do Município, seu volume d'água
não ultrapassa o leito normal, não se tendo conhecimento de enchentes que
tenham provocado danos de natureza econômico-social.
Os seus afluentes são constituídos, em sua maioria,
por riachos, como Timbó, Pau-Amarelo, Cumbe, Utinguinha, Macacos e
Carrapatinha, pela margem esquerda. Na margem direita distinguem-se: o Satuba
com características de rio, o Barbosa e o Gongó.
Do ponto de vista hidrográfico, salienta-se, ainda,
a lagoa de Mundaú ou do Norte, que se situa no Município de Coqueiro-Seco/AL,
sendo formada, em parte, pelas águas do Mundaú e do Remédio.
Há pouco ou quase nada a registrar em relação ao
aproveitamento da rede hidrográfica, uma vez que não se exercita a pesca em
termos racionais e a utilização da queda d'água denominada
"Cachoeira" perdeu sua razão de ser, valendo-se atualmente a
Companhia Alagoana d Fiação e Tecidos da energia gerada e transmitida pela
CHESF.
Outrossim, são encaminhados para o rio todos os
detritos da Cidade, além de caldas de usinas de açúcar, mercê de cuja
influência se encontra altamente poluído, dele se exalando, permanentemente,
forte e desagradável odor.
As suas margens são exploradas, em escala mínima,
para o plantio de lavoura de subsistência, a qual não oferece maior destaque.
Contudo, a rede hidrográfica do Município
apresenta-se bem distribuída em área, contribuindo para a atividade da
agroindústria açucareira plenamente afeita à região.
1.4 Outros Aspectos Físicos
Na formação do planalto, cumpre destacar o
Tabuleiro do Pinto, com altitude aproximada de 110m.
É digna de registro a variação da topografia na
sede do Município, observando-se distintos os planos altimétricos resultantes
da escavação do vale do Mundaú.
2 - CLIMA
2.1 Temperatura e Suas Variações
Como característica geral, o clima apresenta-se
tropicalizado, úmido, herdando as influências litorâneas, sendo
"quente-úmido" no verão e "frio-úmido" no inverno.
A temperatura média anual é 26ºC, com máxima de
34ºC e mínima de 16ºC.
2.2 Pluviometria
O período invernoso corresponde às maiores
precipitações, verificadas nos meses de abril a julho. No verão, abrangendo os
meses restantes, não deixam, porém, de ocorrer precipitações pluviométricas,
embora em menor escala
2.3 Umidade Relativa
A umidade relativa, média, é de 76,1%,
caracterizando a zona úmida.
3 - SOLO
3.1 Identificação
O Solo predominante é dos tipos
"sílico-argiloso" ou " arenoso". Como manchas de
predominância, em termos de classificação, temos que os "Podozóicos"
existem em pouca extensão no sentido Noroeste, enquanto o "Latosol"
se oferece, com maior amplitude, em todas as direções do Município. Evidencia-se
este domínio por força do intemperísmo local, comum a zonas de climas quentes e
úmidos. Este tipo de solo, de origem laterítica, é rico em óxido-hidrato de
ferro, comumente de cor marron-avermelhado, habitat ideal para a monocultura da
cana-de-açúcar, nas margens do rio Mundaú ou, mais precisamente, em seu vale.
Em face da não existência, praticamente, de solos
inaproveitáveis, constata-se um bom aproveitamento agrícola no setor da
monocultura de cana-de-açúcar.
Além das riquezas orgânicas contidas no solo, em
decorrência de sua própria natureza, registrem-se as melhorias nele
introduzidas por força da aplicação dos estudos e pesquisas feitos pelas
estações experimentais ali existentes, uma pertencente ao Ministério da
Agricultura e outra mantida por entidade particular, que se dedica à
monocultura açucareira.
4 - VEGETAÇÃO
4.1 Características
A vegetação nativa é a do "Capoeirão", ou
seja o tipo vegetal que habita em área outrola ocupada pela "Mata".
Este "Capoeirão" se identifica por formações vegetais altas e
grossas, que apresentam clarões descobertos; na área apresenta as maiores,
verificando-se, portanto, com mais autenticidade, aspectos de
"Capoeira-Furada". O fato é decorrente da exploração vegetal pelo
homem e do não reflorestamento, ficando o solo à disposição do plantio da
cana-de-açúcar, salvo em locais em que o terreno se caracteriza muito
irregular, impedindo o uso da terra para monocultura.
4.2 Classificação
Dos "Capoeirão" são extraídas madeiras
para uso em construção, agora em escala reduzida, visto que, coincidentemente,
os terrenos mais férteis em vegetação daquele tipo, ainda existentes, pertencem
às duas únicas usinas de açúcar do Município, para as quais representam uma
reserva vegetal, utilizada quase que para consumo exclusivo. As zonas de
"Capoeira-Furada" possuem vegetais de menor porte, sem valor
econômico como reserva vegetal.
Encontramos a cana-de-açúcar com amplo destaque na
paisagem vegetal, merecendo esta atividade agrícola total assistência, visando
à obtenção de melhor e maior rendimento, uma vez encontrado, de maneira
natural, um habitat capaz de oferecer condições de vida vegetal ideal,
consideradas as excelentes qualidades edáficas, que decorrem da geologia e do
clima da região.
Esporadicamente, vamos constatar outros tipos
vegetais existentes no Município, como por exemplo - côco da baia, mandioca,
frutas (banana, manga, laranja etc.). No entanto, isto é válido, tão somente,
para registro de possibilidades vegetais, mas sem traduzir sentido econômico,
atendendo, só, ao consumo dos próprios agricultores.
5 - OS FATORES NATURAIS E A PRODUÇÃO AGROPECUÁRIA
A propósito deste item, veja-se o referido na parte
IV, 2.1 deste histórico.
6 - RECURSOS MINERAIS
Em termos de recursos minerais, o Município é
considerado pobre, sendo constatados, apenas, afloramentos de granitos e
ganisses, que possibilitam a exploração de algumas pedreiras, em vista da
existência do material, em larga escala, regionalmente.
Afora esta atividade extrativa, há a de
aproveitamento da argila, na fabricação de tijolos, telhas e produtos
similares, também neste caso não se caracterizando uma indústria extrativa
específica, em face da abundância da matéria-prima em todo Nordeste.
7 - PESCA
Esta atividade, praticamente, inexiste, somente se
efetuando, para consumo próprio, por parte das populações ribeirinhas.
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