O
professor ideal deve...
1) Gostar do que faz
Mais do que qualquer profissional, quem opta pelo
magistério tem de ter paixão por ensinar e se orgulhar de seu papel na
sociedade. Quanto mais os alunos sentirem essa empatia, garantem especialistas,
mais abertos estarão à aprendizagem e melhor será o desempenho em sala de aula.
— O bom professor não apenas deve ter orgulho da
profissão, como deve defendê-la com garra. Ele é um otimista, um sonhador. Tem
a utopia de um mundo melhor, sem a ingenuidade da busca de resultados fáceis e
sem se abater frente aos obstáculos — afirma Francisco Aparecido Cordão,
presidente da Câmara de Educação Básica do Conselho Nacional de Educação (CNE)
e diretor-presidente da Consultoria Educacional Peabiru.
Em contrapartida, reconhecem gestores e
estudiosos, o educador que ama o que faz e se dedica de corpo e alma ao
trabalho também precisa ser valorizado por isso. Melhores salários e condições
de trabalho são considerados fundamentais.
2) Ter uma boa formação
Para cumprir com louvor o seu papel, o professor
ideal também deve ter uma formação sólida e ampla. Esse processo, segundo a
superintendente de Educação e Pesquisa da Fundação
Carlos Chagas, Bernardete Gatti, deve incluir o domínio dos conteúdos da
disciplina escolhida e, em igual peso, o conhecimento das metodologias e
práticas de ensino.
— De nada adianta saber o conteúdo, se o educador
não consegue transmiti-lo aos alunos. A maioria dos cursos não tem nem 10% de
formação pedagógica, e esse é um problema sério, que precisa ser repensado —
alerta Bernardete.
Além de uma boa base, a diretora do Sindicato dos
Professores do Ensino Privado do Rio Grande do Sul (Sinpro-RS), Cecília Farias,
destaca a importância de haver continuidade nos estudos. Para acompanhar a
velocidade das mudanças na sociedade atual, os mestres precisam se manter
atualizados — e, para isso, devem contar com o apoio dos gestores, públicos ou
privados. Além de uma imposição profissional, esse deve ser um desejo pessoal.
3) Falar a língua dos alunos
Não se trata de adotar as gírias ou se comunicar
como um adolescente, mas de entender o universo da garotada e planejar aulas
que levem em conta esse jeito particular de ver e viver o mundo de hoje.
— O professor tem de compartilhar o mesmo
universo dos seus alunos e ser um pouco artista diante desse público. Se ele
não usar isso a seu favor, se não falar a mesma língua deles, corre o risco de
se transformar em uma cápsula de sonífero — diz o consultor educacional do
Fronteiras Educação — Diálogos com a Geração Z, professor Francisco Marshall,
da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS).
Isso significa, por exemplo, estimular a
interatividade e evitar falar sozinho, sem parar, uma aula inteira. Significa,
também, não subestimar os adolescentes. Foi-se o tempo em que o mestre era o
dono do conhecimento. No passado, ele falava e os estudantes ouviam em
silêncio. Hoje, ele deve estimular o diálogo. Se, para isso, for possível usar
e abusar de recursos audiovisuais, como projeções de imagens, vídeos e músicas,
tanto melhor.
4) Usar as novas tecnologias em aula
O educador do século 21 não pode ser um
analfabeto digital. Ignorar ou repudiar a influência da internet na vida dos
alunos é aprofundar o abismo entre os estudantes e a escola.
— Ao tirar proveito disso, o professor traz a
realidade da criança e do adolescente para a sala de aula. É uma forma de
aproximação e, além disso, uma maneira de apresentar o conhecimento de um novo
jeito — afirma a professora Maria Elizabeth de Almeida, da Faculdade de
Educação da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP).
Não basta, porém, dominar a tecnologia. É preciso
que o educador saiba aplicá-la. Primeiro, é importante que navegue nos sites
preferidos de seus pupilos e faça parte das redes sociais para entender sua
lógica. Depois, a ideia é que explore o potencial dessas ferramentas de forma
criativa.
Por que continuar restrito ao velho mapa-mundi se
pode usar programas gratuitos como o Google Earth para mostrar regiões, países
e cidades em detalhes? Por que não estimular a garotada a escrever microcontos
no Twitter? As portas que se abrem são infinitas.
5) Ir além do conteúdo formal
O bom professor, ressaltam especialistas, deve
saber que sua missão profissional não se resume a repassar o conteúdo da
disciplina. Hoje ele deve ser um guia, um tutor. O velho chavão "ensinar
para a vida" continua valendo. Cabe ao mestre, junto com a família,
difundir valores éticos e morais e fazer com que crianças e adolescentes sejam
capazes de fazer reflexões críticas.
Para Maria de Salete Silva, coordenadora do
Programa de Educação do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) no
Brasil, ir além do conteúdo implica usar as experiências vivenciadas pelos alunos
como ponto de partida para discutir assuntos importantes e transmitir
ensinamentos.
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