O negro introduziu na
cozinha o leite de coco-da-baía, o azeite de dendê, confirmou a excelência da
pimenta malagueta sobre a do reino, deu ao Brasil o feijão preto, o quiabo,
ensinou a fazer vatapá, caruru, mungunzá, acarajé, angu e pamonha.
A cozinha negra, pequena mas forte, fez valer os seus temperos, os verdes, a sua maneira de cozinhar. Modificou os pratos portugueses, substituindo ingredientes; fez a mesma coisa com os pratos da terra; e finalmente criou a cozinha brasileira, descobrindo o chuchu com camarão, ensinando a fazer pratos com camarão seco e a usar as panelas de barro e a colher de pau.
O primeiro negro pisou no
Brasil com a armada de Martin Afonso. Negros e mulatos (da Guiné e do Cabo
Verde) chegaram aqui em 1549, com o Governador Tomé de Souza, que comia mal e
era preconceituoso: entre outras coisas, não admitia sopa de cabeça de peixe,
em honra a São João Batista.
Bem que o Padre Nóbrega tentou
convencê-lo de que era bobagem, mas Tomé de Souza resistiu, até que o jesuíta
mandou deitar a rede ao mar e ela veio só cabeça de peixe, bem fresca e o homem
deixou a mania, entrou na sopa.
Da guiné vieram, principalmente, fulas e mandingas, islamitas e gente de
bem comer. Os fulas eram de cor opaca, o que resultou no termo “negro fulo”
(entrando depois na língua a expressão “fulo de raiva”, para indicar a palidez
até do branco). Os mandingas também entraram na língua como novo sinônimo para
encantamentos e artes mágicas.
Mas os iorubanos ou nagôs, os jejes, os tapas e
os haussás, todos sudaneses islamitas e da costa oeste também, fizeram mais
pela nossa cozinha porque eram mais aceitos como domésticos do que a gente do
sul, o povo de Angola, a maioria de língua banto, ou do que os negros cambindas
do Congo, ou os minas, ou os do Moçambique, gente mais forte, mais submissa e
mais aproveitada para o serviço pesado.
O africano contribuiu com a difusão do inhame, da cana de açúcar e do
dendezeiro, do qual se faz o azeite-de-dendê. O leite de coco, de origem
polinésia, foi trazido pelos negros, assim como a pimenta malagueta e a galinha
de Angola.
COLOCANDO EM PRÁTICA O QUE
APRENDEU
1) RESPONDA:
a.
Relacione
as comidas de origem afro-brasileira citada no texto;
b.
Procure
os seus significados no dicionário;
c.
Quando
foi introduzida a culinária afro-brasileira no Brasil?
d.
Das
comidas citadas no texto, qual você conhece? Já comeu? O que achou?
2) AULA
PRÁTICA:
PANELA DE BARRO
Ø
Vamos confeccionar panelas de barro, aquelas
usadas pelos povos afro na preparação de seus pratos típicos;
Ø
Pode ser usado a argila ou a massa de modelar;
Ø
Depois seria interessante fazer um concurso,
para escolher a melhor e a mais criativa PENELA DE BARRO.
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