“Eu não sou você. Você não é eu. Mas somos um grupo, enquanto
somos capazes de, diferenciadamente, eu ser eu, vivendo com você e você ser
você, vivendo comigo.”
O que é grupo de jovens cristãos de
Pastoral da Juventude? Relembrando a nossa experiência, a primeira ideia era de
um lugar com muitos jovens animados, acolhedores, que falava do evangelho e
animava as missas e a comunidade (gincanas, mutirões, festas, festivais,
teatros).
Foi isso que vimos e que nos deixou
curiosos e desejosos de fazer parte. Mas quando entramos, descobrimos que tinha
algo "a mais"! Era exigente, tinha tarefas, brigas, muita reza,
treinamentos, estudo. Tempos depois fomos sentindo que sabíamos e aprendíamos
coisas que não se falava na escola ou na família e isso era bom. Descobrimos
então que era também lugar de crescimento.
Como
iniciar um grupo?
Tempos (anos) depois nos deparamos com
esse desafio. A primeira coisa que fizemos foi ir ver por que queríamos um
grupo? Para quem seria o grupo, o local que se encontraria, o horário de
funcionamento, o que discutir, viver, experimentar. A animação era total, mas
faltava o principal: "os jovens".
Quem convidar, onde, como? A turma que
ajudou a pensar todos esses passos citados logo teve algumas ideias. Foi nesta
hora que quase desistimos.
Veja algumas das sugestões: "vamos fazer convite na missa"; outro
dizia: "Na crisma é um lugar legal também, lá tem muitos jovens". Um
outro mais xereta veio logo dizendo: "Isso eu já fiz e veio um tiquim de
gente, foi um desânimo só.
Algumas pessoas disseram que foi porque
eu não dei muita graça na hora dos "avisos finais". Por causa dessas
faltas decidimos, durante três meses, percorrer caminhos diferentes:
1. Realizar uma tarde de lazer em que todos os jovens pudessem participar;
2. Convidamos nas missas depois de fazer um lindo teatro sobre a vida
dos jovens;
3. Colocamos cartazes e fizemos convites e os distribuímos em turmas
e pessoalmente nas escolas, campo de futebol, sorveterias, praças. Foi um
trabalho enorme, mas veio muita gente;
4. Convidamos depois todos os que vieram para voltar 15 dias depois
para uma celebração jovem, e depois para outro dia de reflexão, festa junina.
Percebemos que um grupo fixo de pessoas estava sempre presente. Foi aí que
convidamos estes para formar um grupo de jovens.
Mais uma vez outro xereta pergunta:
"para que isso? Grupo de jovens serve para quê?" Tivemos então que
buscar novamente as respostas:
- Serve para fazer várias coisas legais
e que nos preenchem como jovens e como pessoas humanas.
- É um lugar joia para fazer novas amizades, contar coisas da vida, partilhar os desejos e sonhos, encontrar amores, poder ajudar as pessoas necessitadas, animar a comunidade, dando um rosto jovem e alegre a ela.
- Viver em grupo é muito bom. É algo natural, faz parte da gente.
- Grupo geralmente é um espaço que nos ajuda na descoberta das outras pessoas e da gente mesmo.
- Grupo é lugar de exercitar a fala, a opinião, o silêncio, defender pontos de vista.
- Portanto lugar de descobrir, de ter objetivos mútuos, de respeitar as diferenças, construir a identidade.
- É um lugar joia para fazer novas amizades, contar coisas da vida, partilhar os desejos e sonhos, encontrar amores, poder ajudar as pessoas necessitadas, animar a comunidade, dando um rosto jovem e alegre a ela.
- Viver em grupo é muito bom. É algo natural, faz parte da gente.
- Grupo geralmente é um espaço que nos ajuda na descoberta das outras pessoas e da gente mesmo.
- Grupo é lugar de exercitar a fala, a opinião, o silêncio, defender pontos de vista.
- Portanto lugar de descobrir, de ter objetivos mútuos, de respeitar as diferenças, construir a identidade.
A construção do grupo
Um grupo se constrói através da
constância da presença de seus elementos na rotina e de suas atividades.
Um grupo se constrói no espaço
heterogêneo das diferenças entre cada participante:
- da timidez de um, do afobamento do
outro; da serenidade de um, da explosão do outro; do pânico de um, da sensatez
do outro; da seriedade desconfiada de um, da ousadia do risco do outro; da
mudez de um, da tagarelice de outro; do riso fechado de um, da gargalhada
debochada do outro; dos olhos miúdos de um, dos olhos esbugalhados do outro; da
lividez de um, do encarnamento do rosto do outro. Um grupo se constrói
construindo vínculo com a autoridade e entre iguais. Um grupo se constrói na cumplicidade
do riso, da raiva, do choro, do medo, do ódio, da felicidade e do prazer.
Vida de grupo dá muito trabalho e muito
prazer porque eu não construo nada sozinho, tropeço a cada instante com os
limites do outro e os meus próprios, na construção da vida, do conhecimento, da
nossa história.
Quem acompanha e coordena um grupo deve
ter uma ideia do "processo de formação grupal" (caminho) que esse
grupo vai fazer. Assim ele(a) garantirá que o grupo em um espaço de tempo seja
não só convocado (chamado), mas também conheça a sua própria situação, descubra
a comunidade, perceba como é a sociedade, a conjuntura maior que o cerca e como
cada pessoa pode interferir e principalmente que essa militância contribua para
definir, perceber sua vocação e seu projeto de vida.
Assim o caminho será feito e todos (as)
poderão cantar: "por isso vem, entra na roda com a gente, também você é
muito importante, vem!"
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