O estabelecimento de expectativas de
aprendizagem para crianças surdas não pode deixar de considerar que, por ter
perda auditiva, a pessoa surda compreende e interage com o mundo por meio de
experiências visuais, manifestando sua cultura principalmente pelo uso da
Língua Brasileira de Sinais – Libras (Brasil, 2005).
O fato de ter acesso ao mundo pela visão e
não pela audição, caracteriza as pessoas surdas como diferentes e não
deficientes em relação às ouvintes.
Esta diferença deve ser contemplada na
educação de crianças, adolescentes e adultos surdos, razão por que se considera
hoje a língua de sinais a língua de instrução dos alunos surdos, ou seja,
aquela que vai ser usada para explicar todos os conteúdos escolares para os
alunos surdos.
O Decreto Federal 5626, de 22 de dezembro
de 2005, estabelece que os alunos surdos devam ter uma educação bilíngüe, na
qual a Língua Brasileira de Sinais é a primeira e a Língua Portuguesa, na
modalidade escrita, a segunda. Neste modelo, a Língua Brasileira de Sinais é a
língua de instrução no sentido de que vai possibilitar o acesso ao conteúdo de
todas as disciplinas, inclusive de Língua Portuguesa.
Para isso, ela deve ser adquirida pelas
crianças surdas o mais cedo possível, o que, em geral, vai se dar na escola,
preferencialmente na interação com interlocutores surdos, usuários da Língua
Brasileira de Sinais.
Além de ser língua de instrução, no modelo
bilíngüe, a Língua Brasileira de Sinais é uma disciplina que vai possibilitar
aos alunos surdos tanto conhecimento, ampliação e aprofundamento no uso da
língua, quanto reflexão sobre a sua gramática e sobre o funcionamento da língua
nos diferentes usos: coloquiais, literários, formais e informais, entre outros.
Há que destacar, ainda, que a interação com
interlocutores surdos vai permitir aos alunos surdos, além da aquisição da
Língua Brasileira de Sinais, conhecerem as diferenças culturais decorrentes do
fato de terem acesso ao mundo pela visão, bem como constituírem uma autoestima
positiva, o que vai contribuir para que se identifiquem como diferentes, mas
não como deficientes em relação à maioria ouvinte.
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