Na escola isso também acontece, só que
nela a avaliação é intencional e sistemática e os julgamentos que aí são feitos
têm muitas consequências, algumas positivas, outras negativas. Mesmo antes de a
criança chegar à escola, no momento da sua matrícula, a avaliação pode começar.
Ainda não é a avaliação por meio de provas e exercícios, mas por meio das
informações que mostram quem é a criança: onde mora, com quem mora, o que sua
família faz etc.
Até o fato de a matrícula ser feita por
outra pessoa que não seja o pai ou a mãe provoca algum tipo de avaliação.
Muitas vezes nesse momento começa a ser construída a imagem que a criança terá
enquanto estiver naquela escola. Essa é uma das consequências da avaliação, que
pode influenciar a maneira de a criança ser tratada na escola, repercutindo em
sua trajetória escolar e de vida. Certa vez, pesquisando a avaliação praticada
em uma escola que atendia alunos da educação infantil e dos anos iniciais da
educação fundamental, durante uma reunião de professores, ouvi uma professora
explicando para a sua colega quem era o aluno do 1º ano sobre o qual ela
falava: “é aquele cujo avô veio fazer sua matrícula e estava bêbado”. Essa
criança parece ter ficado com essa marca naquela escola.
Observe: muitas vezes, até a família do
aluno é avaliada. Com que objetivo fazemos isso?
A
avaliação acontece de várias formas na escola. É muito conhecida a avaliação
feita por meio de provas, exercícios e atividades quase sempre escritas, como
produção de textos, relatórios, pesquisas, resolução de questões matemáticas,
questionários etc. Quando a avaliação é realizada dessa forma, todos ficam
sabendo que ela está acontecendo: alunos, professores e pais. Esse tipo de
avaliação costuma receber nota, conceito ou menção. É o que chamamos
de avaliação
formal.
Mas, há outro tipo de avaliação muito
frequente, principalmente na educação infantil e nos anos iniciais da educação
fundamental: é aquela que se dá pela interação de alunos com professores, com
os demais educadores que atuam na escola e até mesmo com os próprios alunos, em
todos os momentos e espaços do trabalho escolar. É
chamada de avaliação informal. Ela é
importante porque dá chances ao professor de conhecer mais amplamente cada
aluno: suas necessidades, seus interesses, suas capacidades.
Quando um aluno mostra ao professor
como está realizando uma tarefa ou lhe pede ajuda, a interação que ocorre nesse
momento é uma prática avaliativa informal, isto é, o professor tem a
oportunidade de acompanhar e conhecer o que ele já aprendeu e o que ainda
não aprendeu. Quando circula pela sala
de aula observando os alunos trabalharem, o professor também está analisando,
isto é, avaliando o trabalho de cada um. São momentos valiosos para a avaliação.
A diferença entre a avaliação informal
e a formal é que a informal nem sempre é prevista e, consequentemente, os
avaliados, no caso os alunos, não sabem que estão sendo avaliados. Por isso,
deve ser conduzida com ética. Precisamos nos lembrar sempre de que o aluno se
expõe muito ao professor, ao manifestar suas capacidades e fragilidades e seus
sentimentos. Cabe à avaliação ajudar o aluno a se desenvolver, a avançar, não
devendo expô-lo a situações embaraçosas ou humilhantes. A avaliação serve para
encorajar e não para desencorajar o aluno. Por isso, rótulos e apelidos que o
desvalorizem ou humilhem não são aceitáveis. Gestos e olhares encorajadores por
parte do professor ou professora são bem-vindos.
Afinal de contas, a interação do
professor com os alunos é constante e muito natural. Uma piscadinha de olho de
forma acolhedora e amiga, indicando que o aluno está no caminho adequado, lhe
dá ânimo.
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