domingo, 10 de fevereiro de 2013

A avaliação na escola

Na escola isso também acontece, só que nela a avaliação é intencional e sistemática e os julgamentos que aí são feitos têm muitas consequências, algumas positivas, outras negativas. Mesmo antes de a criança chegar à escola, no momento da sua matrícula, a avaliação pode começar. Ainda não é a avaliação por meio de provas e exercícios, mas por meio das informações que mostram quem é a criança: onde mora, com quem mora, o que sua família faz etc.
Até o fato de a matrícula ser feita por outra pessoa que não seja o pai ou a mãe provoca algum tipo de avaliação. Muitas vezes nesse momento começa a ser construída a imagem que a criança terá enquanto estiver naquela escola. Essa é uma das consequências da avaliação, que pode influenciar a maneira de a criança ser tratada na escola, repercutindo em sua trajetória escolar e de vida. Certa vez, pesquisando a avaliação praticada em uma escola que atendia alunos da educação infantil e dos anos iniciais da educação fundamental, durante uma reunião de professores, ouvi uma professora explicando para a sua colega quem era o aluno do 1º ano sobre o qual ela falava: “é aquele cujo avô veio fazer sua matrícula e estava bêbado”. Essa criança parece ter ficado com essa marca naquela escola.
Observe: muitas vezes, até a família do aluno é avaliada. Com que objetivo fazemos isso?
        A avaliação acontece de várias formas na escola. É muito conhecida a avaliação feita por meio de provas, exercícios e atividades quase sempre escritas, como produção de textos, relatórios, pesquisas, resolução de questões matemáticas, questionários etc. Quando a avaliação é realizada dessa forma, todos ficam sabendo que ela está acontecendo: alunos, professores e pais. Esse tipo de avaliação costuma receber nota, conceito ou menção. É o que chamamos de avaliação formal.
Mas, há outro tipo de avaliação muito frequente, principalmente na educação infantil e nos anos iniciais da educação fundamental: é aquela que se dá pela interação de alunos com professores, com os demais educadores que atuam na escola e até mesmo com os próprios alunos, em todos os momentos e espaços do trabalho escolar. É chamada de avaliação informal. Ela é importante porque dá chances ao professor de conhecer mais amplamente cada aluno: suas necessidades, seus interesses, suas capacidades.
Quando um aluno mostra ao professor como está realizando uma tarefa ou lhe pede ajuda, a interação que ocorre nesse momento é uma prática avaliativa informal, isto é, o professor tem a oportunidade de acompanhar e conhecer o que ele já aprendeu e o que ainda não aprendeu. Quando circula pela sala de aula observando os alunos trabalharem, o professor também está analisando, isto é, avaliando o trabalho de cada um. São momentos valiosos para a avaliação.
A diferença entre a avaliação informal e a formal é que a informal nem sempre é prevista e, consequentemente, os avaliados, no caso os alunos, não sabem que estão sendo avaliados. Por isso, deve ser conduzida com ética. Precisamos nos lembrar sempre de que o aluno se expõe muito ao professor, ao manifestar suas capacidades e fragilidades e seus sentimentos. Cabe à avaliação ajudar o aluno a se desenvolver, a avançar, não devendo expô-lo a situações embaraçosas ou humilhantes. A avaliação serve para encorajar e não para desencorajar o aluno. Por isso, rótulos e apelidos que o desvalorizem ou humilhem não são aceitáveis. Gestos e olhares encorajadores por parte do professor ou professora são bem-vindos.
Afinal de contas, a interação do professor com os alunos é constante e muito natural. Uma piscadinha de olho de forma acolhedora e amiga, indicando que o aluno está no caminho adequado, lhe dá ânimo.

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