Uma parábola conta que um homem olhava uma construção. Curioso,
perguntou a um dos operários o que ele estava fazendo. Triste, ele respondeu:
"Erguendo uma parede". Em seguida, questionou outro trabalhador, que
disse: "Estou fazendo um prédio". Percebendo que havia um homem
alegre e envolvido com os afazeres, não resistiu e repetiu a pergunta. Ouviu:
"Estou construindo uma escola e, com isso, ajudando a acabar com o
analfabetismo e fazer com que as pessoas sejam mais felizes".
Muitos gestores reclamam da "falta de motivação" da equipe. Alguns
até buscam justificativa para essa postura na remuneração insatisfatória e na
indisciplina dos alunos. Esses fatores - que podem funcionar como um atrativo
-, além de estarem longe do alcance do gestor escolar, não são os que mobilizam
as pessoas para o trabalho. "O envolvimento de fato decorre de uma
dinâmica interna que tem a ver com o sentido que os homens dão às próprias
ações", explica Bernard Charlot, filósofo francês e professor visitante da
Universidade Federal de Sergipe. Para ele, não há desejo se o indivíduo não vê
sentido no que faz: "As pessoas conseguem trabalhar juntas quando estão
envolvidas no mesmo propósito, mesmo que cada uma atribua um sentido diferente
ao que realiza." Ou seja, para mobilizar a equipe, o gestor precisa
descobrir qual o aspecto do trabalho que desperta o desejo em cada professor e
em cada funcionário. Para alguns, talvez seja se sentir inserido em um grupo.
Para outros, o desafio de melhorar o mundo por meio da Educação.
Vale lembrar que muitas vezes as atitudes dos funcionários são reflexos da
insatisfação dos gestores. Afinal, tanto em empresas como em escolas, é muito
comum que os diretores e os responsáveis pelas diversas áreas imprimam o clima
dominante na instituição. Então, como virar o jogo e envolver a equipe para
canalizar os esforços para a mesma meta?
A saída não é promover eventos especiais e dinâmicas mirabolantes. A solução
está no dia a dia: fazer com que todos percebam a importância da sua função
para o objetivo final da escola, que é a aprendizagem dos alunos. Um
profissional sempre se sente valorizado quando é chamado a participar da
elaboração de propostas que tragam resultados. Ouvir as sugestões que ele tem
para dar-nos diversos projetos e na dinâmica da escola é uma forma de
respeitá-lo e envolvê-lo nos resultados. "Dessa forma, todos se sentem
responsáveis", afirma Lino de Macedo, professor titular de Psicologia do
Desenvolvimento do Instituto de Psicologia da Universidade de São Paulo.
Os gestores precisam estabelecer metas compartilhadas e promover a comunicação
efetiva, criando uma cultura produtiva na instituição. É necessário modificar
as estruturas que dificultam o cotidiano e criar processos de colaboração para
que os ambientes valorizem os que ali trabalham, imprimindo um tratamento
profissional à equipe.
Nenhum comentário:
Postar um comentário