A escolha das atividades a serem propostas, em todas
as áreas do ensino, define a dinâmica e a produtividade em sala de aula. É o
conjunto das situações didáticas que vai garantir, no dia-a-dia, a motivação, o
envolvimento e a aprendizagem do grupo.
Podemos pensar em alguns critérios para a escolha de
atividades. Para contribuir na definição desses critérios, utilizaremos, aqui,
aqueles propostos por A. Raths (1973), tidos no meio educacional como eficazes
para avaliar as atividades de ensino. São eles:
1. Em iguais condições, uma atividade é preferível a outra se
permite ao aluno tomar decisões razoáveis de como desenvolvê-la e ver as
consequências de sua escolha.
2. Em iguais condições, uma atividade é preferível a outra se atribui
ao aluno um papel ativo em sua realização.
3. Em iguais condições, uma atividade é preferível a outra se exige
do aluno uma investigação de ideias, processos intelectuais, acontecimentos ou
fenômenos de ordem pessoal ou social e o estimula a comprometer-se com ela.
4. Em iguais condições, uma atividade é preferível a outra se leva
o aluno a interagir com sua realidade.
5. Em iguais condições, uma atividade é preferível a outra se pode
ser realizada por alunos de diversos níveis de capacidade e com interesses
diferentes.
6. Em iguais condições, uma atividade é preferível a outra se
obriga o aluno a examinar, num contexto novo, uma ideia, conceito, lei etc. que
já conhece.
7. Em iguais condições, uma atividade é preferível a outra se
obriga o aluno a examinar idéias ou acontecimentos que normalmente são aceitos
pela sociedade.
8. Em iguais condições, uma atividade é preferível a outra se
coloca o aluno e quem ensina em uma posição de êxito, fracasso ou crítica.
9. Em iguais condições, uma atividade é preferível a outra se
obriga o aluno a reconsiderar e revisar seus esforços iniciais.
10. Em iguais condições, uma atividade é preferível a outra se
leva a aplicar e dominar regras significativas, normas ou disciplinas.
11. Em iguais condições, uma atividade é preferível a outra se
oferece ao aluno a possibilidade de planejá-la, com outros, participar de seu
desenvolvimento e comparar os resultados obtidos.
12. Em iguais condições, uma atividade é preferível a outra se é
relevante para os propósitos e interesses explícitos dos alunos.
O que Raths propõe é que pensemos a escolha das
atividades levando em conta uma ação ativa dos alunos, de modo que possam
interagir com os desafios e problemas que essa situação ou atividade faça
suscitar, articulando o novo com aquilo que sabem e indo além desse, atuando de
forma crítica e ampla.
Escolhemos alguns exemplos de tipos interessantes de
atividades, sabendo que a partir deles, muitos outros surgirão:
1. Para acionar
conhecimentos, já adquiridos:
_ em
algumas regiões do Brasil, o plantio do café é feito da seguinte forma:
alterna-se uma muda de café com outra de uma raiz, normalmente mandioca. Na sua
opinião, por que isso é feito?
_ a
lista abaixo traz o itinerário de alguns ônibus de transporte coletivo, marque
aqueles que você conhece.
_ como
posso descobrir, de forma rápida, a quantidade de pães que deve ser comprada
para o lanche do noturno (ou da nossa classe)?
_ você
acha correto colocar fogo num determinado local para poder plantar nele depois?
Que tipos de problemas podemos ter usando essa técnica?
_ escreva
um bilhete para seus familiares avisando que pretende visitá-los nas férias.
_ por
que existe o desemprego? Quais suas consequências para as pessoas e para o
nosso país?
2. Atividades para aprender:
_ apresentar
duas soluções para um mesmo problema, sendo uma correta
e outra não. Pedir para que os alunos marquem a
solução correta e expliquem por que a outra não está.
_ ler
um texto marcando as informações necessárias para saber sobre um determinado
assunto, ou para responder a algumas questões.
_ produzir
um texto, carta ou panfleto sobre assunto já conhecido.
_ revisar
textos escritos.
_ experimentar
uma nova estratégia de cálculo.
_ opinar
(oralmente ou por escrito) a respeito de um filme, de uma notícia, um
acontecimento no bairro, cidade ou país.
_ elaborar
e discutir questões para fazer uma entrevista (com o diretor do posto de saúde,
o prefeito, um escritor).
_ ler
diferentes versões de uma mesma história e compará-las quanto a semelhanças e
diferenças.
_ descobrir
as diferenças entre os preços de dois supermercados.
3. Atividades para sistematizar conhecimentos:
_ pontuar
um trecho de um texto conhecido.
_ revisar
o texto produzido por um colega de classe.
_ escrever
um texto de determinado tipo, respeitando suas características básicas (uma
quadra, uma notícia, uma receita, um texto informativo).
_ escrever
um texto defendendo uma ideia, combatendo outras.
_ calcular
os gastos para um lanche coletivo na escola.
_ completar
lacunas: num texto ou numa lista de palavras (olhando, neste caso, para as
questões ortográficas).
_ confeccionar
um panfleto, a primeira página de um jornal, um índice, etc. (desde que o
jornal e o panfleto tenham sido bastante explorados pelos alunos).
_ interpretar
e comentar os dados de um gráfico.
Estes são apenas alguns exemplos de atividades e
todas fizeram parte de uma sequência de situações didáticas, nas quais os
alunos puderam aprender um novo conteúdo.
A partir do trabalho em cada área e com seu grupo, o
professor pode planejar as atividades mais adequadas para cada um dos momentos
de aprendizagem.