POR QUE FALAMOS DE INCLUSÃO EM
EDUCAÇÃO?
A América Latina caracteriza-se por ser a
região mais desigual do mundo. As sociedades são altamente desintegradas e
fragmentadas devido a persistência da pobreza e a grande desigualdade na distribuição
de renda, o que gera altos índices de exclusão. Todos os países vêm realizando
importantes esforços para obter o acesso universal à Educação Básica e melhorar
sua qualidade e equidade, porém, ainda persistem importantes desigualdades
educacionais, o que significa que a educação não está sendo capaz, em muitos
casos, de romper o círculo vicioso da pobreza, nem de ser um instrumento de
mobilidade social.
Por outro lado, o maior acesso à educação
tem significado uma maior diversidade de alunos na escola, porém, os sistemas
educacionais seguem oferecendo respostas homogêneas, que não satisfazem às
diferentes necessidades e situações do alunado, o que se reflete em altos
índices de reprovação e evasão escolar, que afetam em maior medida às
populações que estão em situação de vulnerabilidade.
A INTEGRAÇÃO É O MESMO QUE A
INCLUSÃO?
A inclusão é um movimento mais amplo e de
natureza diferente ao da integração de alunos com deficiência ou de outros
alunos com necessidades educacionais especiais. Na integração, o foco de
atenção tem sido transformar a educação especial para apoiar a integração de
alunos com deficiência na escola comum. Na inclusão, porém, o centro da atenção
é transformar a educação comum para eliminar as barreiras que limitam a
aprendizagem e participação de numerosos alunos e alunas.
O MOVIMENTO DE INTEGRAÇÃO
EDUCACIONAL
A integração educacional tem
constituído-se e constitui-se num movimento fundamental para tornar efetivos os
direitos dos meninos e meninas com deficiência, a fim de educarem-se em
contexto normalizado que assegure uma melhor integração na sociedade. Em
consequência, o principal argumento em defesa da integração tem a ver com uma
questão de direitos e com critérios de justiça e igualdade. Por outro lado,
diferentes estudos têm mostrado que se a integração é realizada em condições
adequadas, beneficia não somente aos alunos integrados, como também aos demais
alunos, uma vez que aprendem com uma metodologia mais individualizada, dispõem
de mais recursos e desenvolvem valores e atitudes de solidariedade, respeito e
colaboração. Em estudo da OCDE sobre a integração das crianças com necessidades
educacionais especiais (1995), destaca-se que diferentes pesquisas têm mostrado
que as crianças com deficiência podem obter melhores resultados nas escolas
integradas, ainda que às vezes mostrem problemas na auto-estima, e que o ensino
segregado não oferece as vantagens que cabia esperar.
Não obstante, o anteriormente assinalado,
também existem algumas dificuldades que não se podem omitir nessa análise.
Entre elas, cabe destacar a transferência do modelo educacional da escola
especial à escola comum; a provisão de recursos adicionais somente para os
alunos etiquetados como alunos com “necessidades educacionais especiais”; o
modelo homogeneizador da escola comum; e uma informação insuficiente ou
inadequada dos docentes da educação comum, assim como dos profissionais de
apoio.
Como consequência das dificuldades assinaladas, o número de
meninas e meninos integrados na América Latina é ainda muito baixo na maioria
dos países e, em geral, estão se integrando alunos com dificuldades leves. Por
outro lado, o fato de haver centrado o processo na integração de alunos com
necessidades educacionais especiais, tem sido necessário para incorporá-los a
educação comum, não possibilitando transformar substancialmente a cultura das
escolas para que atendam a diversidade de necessidades de todo o alunado, nem
eliminar diferentes tipos de discriminação no interior das mesmas, que às vezes
são muito sutis. Se os paradoxos, que muitas escolas integram meninas e meninos
com deficiência e, simultaneamente, estão expulsando ou discriminando a outro
tipo de aluno, se poderia afirmar que são escolas de integração, mas não são
escolas inclusivas.
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