sexta-feira, 26 de outubro de 2012

EDUCAÇÃO INCLUSIVA


POR QUE FALAMOS DE INCLUSÃO EM EDUCAÇÃO?
A América Latina caracteriza-se por ser a região mais desigual do mundo. As sociedades são altamente desintegradas e fragmentadas devido a persistência da pobreza e a grande desigualdade na distribuição de renda, o que gera altos índices de exclusão. Todos os países vêm realizando importantes esforços para obter o acesso universal à Educação Básica e melhorar sua qualidade e equidade, porém, ainda persistem importantes desigualdades educacionais, o que significa que a educação não está sendo capaz, em muitos casos, de romper o círculo vicioso da pobreza, nem de ser um instrumento de mobilidade social.
Por outro lado, o maior acesso à educação tem significado uma maior diversidade de alunos na escola, porém, os sistemas educacionais seguem oferecendo respostas homogêneas, que não satisfazem às diferentes necessidades e situações do alunado, o que se reflete em altos índices de reprovação e evasão escolar, que afetam em maior medida às populações que estão em situação de vulnerabilidade.

A INTEGRAÇÃO É O MESMO QUE A INCLUSÃO?
A inclusão é um movimento mais amplo e de natureza diferente ao da integração de alunos com deficiência ou de outros alunos com necessidades educacionais especiais. Na integração, o foco de atenção tem sido transformar a educação especial para apoiar a integração de alunos com deficiência na escola comum. Na inclusão, porém, o centro da atenção é transformar a educação comum para eliminar as barreiras que limitam a aprendizagem e participação de numerosos alunos e alunas.

O MOVIMENTO DE INTEGRAÇÃO EDUCACIONAL
A integração educacional tem constituído-se e constitui-se num movimento fundamental para tornar efetivos os direitos dos meninos e meninas com deficiência, a fim de educarem-se em contexto normalizado que assegure uma melhor integração na sociedade. Em consequência, o principal argumento em defesa da integração tem a ver com uma questão de direitos e com critérios de justiça e igualdade. Por outro lado, diferentes estudos têm mostrado que se a integração é realizada em condições adequadas, beneficia não somente aos alunos integrados, como também aos demais alunos, uma vez que aprendem com uma metodologia mais individualizada, dispõem de mais recursos e desenvolvem valores e atitudes de solidariedade, respeito e colaboração. Em estudo da OCDE sobre a integração das crianças com necessidades educacionais especiais (1995), destaca-se que diferentes pesquisas têm mostrado que as crianças com deficiência podem obter melhores resultados nas escolas integradas, ainda que às vezes mostrem problemas na auto-estima, e que o ensino segregado não oferece as vantagens que cabia esperar.
Não obstante, o anteriormente assinalado, também existem algumas dificuldades que não se podem omitir nessa análise. Entre elas, cabe destacar a transferência do modelo educacional da escola especial à escola comum; a provisão de recursos adicionais somente para os alunos etiquetados como alunos com “necessidades educacionais especiais”; o modelo homogeneizador da escola comum; e uma informação insuficiente ou inadequada dos docentes da educação comum, assim como dos profissionais de apoio.
       Como consequência das dificuldades assinaladas, o número de meninas e meninos integrados na América Latina é ainda muito baixo na maioria dos países e, em geral, estão se integrando alunos com dificuldades leves. Por outro lado, o fato de haver centrado o processo na integração de alunos com necessidades educacionais especiais, tem sido necessário para incorporá-los a educação comum, não possibilitando transformar substancialmente a cultura das escolas para que atendam a diversidade de necessidades de todo o alunado, nem eliminar diferentes tipos de discriminação no interior das mesmas, que às vezes são muito sutis. Se os paradoxos, que muitas escolas integram meninas e meninos com deficiência e, simultaneamente, estão expulsando ou discriminando a outro tipo de aluno, se poderia afirmar que são escolas de integração, mas não são escolas inclusivas.

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