Família é um conjunto de pessoas que se unem pelo desejo de estarem juntas, de construírem algo e de se complementarem. É através dessas relações que as pessoas podem se tornar mais humanas, aprendendo a viver o jogo da afetividade de maneira adequada. Mas para que essa adequação ocorra é preciso que haja referências positivas, cuidadores encarregados de estabelecer os limites necessários ao desenvolvimento de uma personalidade emocionalmente equilibrada.
Para os jovens, as referências são pessoas, palavras, gestos que vão proporcionar a formação da identidade. Jovens que estabelecem vínculos harmoniosos nos seus momentos de frustração, por meio dos quais recebem amor e compreensão, desenvolverão uma identidade sadia, conseguindo suportar frustrações até o momento adequado para realizar seus desejos.
O que verificamos atualmente é que um grande número de pais acreditam no falso mito da liberdade total. Libertam os filhos antes mesmo de eles terem criado asas para vôos mais altos, e o resultado disso é um comportamento desastroso na maioria das vezes. O jovem que se deixa levar pelo impulso em direção ao prazer imediato (natural do ser imaturo) vai dirigir seu vôo para alturas inadequadas ao tamanho de suas asas, e, com certeza, se desorganizar e se ferir. E a permissividade dos pais será sentida como desinteresse, abandono, desamor, negligência.
A família tem a função de sociabilizar e estruturar os filhos como seres humanos. Vários estudos e pesquisas têm demonstrado que jovens problemas são fruto de famílias que, independentemente do nível socioeconômico, não lhes ofereceram afetividade suficiente. A violência na infância e na adolescência, por exemplo, existe tanto nas camadas menos favorecidas como nas classes média e alta. O que faz a diferença é a capacidade de a família estabelecer vínculos afetivos, unindo-se no amor e nas frustrações.
A família é o âmbito em que a criança vive suas maiores sensações de alegria,felicidade, prazer e amor, o campo de ação no qual experimenta tristezas, desencontros, brigas, ciúmes, medos e ódios. É na família que se aprende a linguagem mais complicada da vida: a linguagem da afetividade -- amor acompanhado de medo, raiva, ciúme... Sim, brigamos mais com quem mais amamos; temos medo de perder as pessoas que mais amamos. Logo, é na família que se deve encontrar o maior dos amores e também o maior dos ódios.
Por isso, a família é o campo de ação de brigas e gritos, mas também do amor. Uma família sadia sempre tem momentos de grata e prazerosa emoção alternados com momentos de tristeza, discussões e desentendimentos, que serão reparados através do entendimento, do
perdão tão necessário e da aprendizagem de como devemos nos preparar adequadamente para ser cidadãos sociáveis.
Quando falta a um jovem essa estrutura familiar (ausência de pai e mãe), outras pessoas (parentes ou mesmo a sociedade) poderão assumir o papel de cuidadores, respeitando as necessidades desse ser em formação: alguém que lhe proporcione a oportunidade de viver muito amor, acompanhado de medos, raivas e ciúmes.
Convém ressaltar que a tarefa de cuidar adequadamente de um ser em formação é extremamente difícil, pois exige dos educadores capacidade de lidar com os conflitos gera dos pelos impulsos dos jovens em direção ao prazer imediato e às necessidades biopsíquico-sociais de cada momento.
Os adolescentes precisam de educadores (pais, professores) que lhes proporcionem a vivência da afetividade. É através de experiências vividas com os cuidadores que eles vão estruturar as relações que estabelecerão com a sociedade de modo geral.
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