O trabalho de campo sempre teve grande importância para a Geografia, desde a Antigüidade até os viajantes e naturalistas que sistematizaram essa ciência, de modo que esse recurso metodológico sempre esteve presente na evolução do pensamento geográfico. Muito embora não possamos falar de Geografia enquanto ciência no período da Antigüidade, diz-se que os gregos foram os preconizadores do pensamento geográfico, pois partiu deles a denominação geografia, compreendendo-a como a escrita que propicia a descrição dos fatos sobre a superfície terrestre.
Podemos dizer que as idéias geográficas, em coexistência com outras ciências, desenvolveram-se a partir dos conhecimentos práticos da exploração da terra e das observações dos viajantes, ao lado da sistematização de pensadores, filósofos e matemáticos (ANDRADE, 1987, p. 41).
Portanto, ao tratarmos do trabalho de campo na Geografia, faz-se necessário retornar aos tempos remotos quando o homem se organizava em grupos e se deslocava à procura de sua sobrevivência e defesa, adquirindo, com essa mobilização, uma série de informações.
Os mapas confeccionados na Antigüidade foram uma das principais formas de conservar as informações levantadas durante as viagens, sobretudo nas de expansão marítima comercial. Mesmo de forma primitiva, os mapas tinham uma grande valia no contexto histórico da época, pois, através deles, era possível uma descrição dos lugares.
Depreende-se, então, que a concepção de Geografia desenvolvida na Antigüidade pautava-se na descrição e observação dos fatos, procedimentos estes que até hoje ainda são utilizados nos trabalhos de campo. Os mapas foram, portanto, um dos primeiros recursos empregados para descrever os fenômenos observados.
A Geografia surgiu enquanto ciência no século XIX, quando o trabalho de campo já era realizado nas viagens exploratórias do então naturalista Alexander Von Humboldt (1769–1859), um dos sistematizadores da disciplina.
Na chamada Geografia Tradicional, o trabalho de campo norteava-se na observação e na descrição dos elementos contidos nas paisagens, o que resultava numa prática de ensino puramente descritiva e numa leitura acrítica do espaço geográfico.
Na Geografia Crítica, porém, destaca-se a importância da preparação e da contextualização do trabalho de campo, para que possa propiciar ao aluno o interesse pelo estudo do lugar vivido e a compreensão das contradições espaciais existentes. Nessa perspectiva, o trabalho de campo também se baseia na observação, permitindo ao aluno um olhar especial sobre os elementos da paisagem, fundamentado na teorização prévia, o que lhe dá autonomia diante da produção do conhecimento, despertando o senso crítico e investigador.
Ademais, outros valores de grande relevância são acrescidos, como cooperação na realização de trabalhos em equipe, gosto pelo estudo e pela investigação pessoal, desenvolvimento da sensibilidade e da fraternidade, melhorando as relações professor–aluno e aluno–aluno.
Atualmente, o trabalho de campo é um recurso metodológico de ensino–aprendizagem que vem sendo revalorizado na Geografia como um dos instrumentos de maior interesse e produtividade no ensino dessa disciplina.
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