Todos os presentes guardam silêncio absoluto, olhos fixos em você, sofrendo por antecipação. A tensão no ar é tanta que poderia ser cortada com uma faca. Você quase pode ouvir as dezenas de corações batendo descompassadamente. Uns poucos tentam parecer alheios a tudo, refugiando-se em anotações, livros e cadernos, mas no fundo, não conseguem absorver nada do que está escrito ali.
É dia de prova.
Teste. Bimestral. Dissertação. Redação. Avaliação. Ah, são tantos nomes, mas não importa. A apreensão que eles trazem a seus alunos é sempre a mesma. Cria-se um ambiente em que tudo pode acontecer. Desde um aluno, escoladíssimo, conseguir colar com a maior cara-de-pau, sem despertar nenhuma suspeita, até uma discípula resolver a prova rapidamente, achar que "não é possível, devo ter respondido algo errado", e substituir todas as respostas certas por erradas.
É dia de prova.
E são dezenas de cabeças concentradas sobre papéis, numa luta contra dez questões impiedosas. Ali, joga-se o futuro. Sim, porque quando se tem poucos anos de vida, o futuro pode ser resumido numa viagem ao Beto Carreiro "se você passar direto". E, ao se colocar a folha na mesa do professor, a angústia não acaba. É hora da correção do corredor. O que você respondeu na 5? A 9 era verdadeira ou falsa? Crescem as dúvidas, num suspense que só acaba bem ou mal quando o professor dá a nota.
É dia de prova.
Se para o aluno a situação é difícil, para o professor é muito mais. É você que deve procurar a melhor maneira de avaliar os alunos, sem cometer injustiças. O teste, portanto, deve ser montado de maneira que verifique realmente, o que ele aprendeu da matéria, e não somente o que ele decorou. Deve-se levar em conta que os alunos possuem diferentes tipos de inteligência, e que nenhum pode ser prejudicado por um tipo de avaliação que privilegie apenas um tipo de pensamento.
Além de se preocupar com tudo isso, o professor também deve montar uma prova clara, sem questões que levem a interpretações subjetivas a não ser que queira se desgastar com reclamações e revisões.
O que é avaliar bem A avaliação deve ser entendida como um meio de se obter informações e subsídios para favorecer o desenvolvimento do aluno e ampliação de seus conhecimentos. Ao dispor dessas informações, é possível adotar procedimentos para correções e melhorias no processo, melhorando o trabalho pedagógico. Dessa forma, não se está puramente medindo e julgando os alunos. No final das contas, estamos medindo a nossa própria capacidade e a da escola em passar o conhecimento para os alunos.
Porém, pior que uma avaliação ruim pode ser a falta dela. Por que, futuramente, seu aluno será avaliado todo dia. Por chefes, colegas, familiares e clientes. Também poderá ser "reprovado" por eles, através de um divórcio, demissão ou falência.
Existem basicamente dois tipos de avaliação que você pode usar em seu dia-a-dia. Vamos analisá-los.
Avaliação Somativa ou Acumulativa
A avaliação é feita sobre um determinado período de tempo (um mês, duas semanas, um bimestre) ou após certa matéria ter sido apresentada. Tal avaliação pode ser apresentada de várias formas: provas subjetivas e objetivas, dissertações, redações, debates, argüições orais, trabalhos e experiências (individuais ou em grupo). De qualquer forma, o aluno deve atingir uma determinada média anual para ser aprovado. Conforme se
A atribuição de notas serve a três objetivos: classificar o quanto o aluno atingiu dos objetivos propostos; informar ao estudante, aos pais e responsáveis o rendimento escolar; promovê-lo ou não para a série seguinte.
Daí se desprende a grande vantagem da avaliação acumulativa: ela é absolutamente cartesiana, calcada em números e questões certas ou erradas. Dificilmente um professor pode ser acusado de injustiça ao se utilizar essa avaliação.
Como desvantagem, essa forma de avaliação eleva os níveis de estresse e ansiedade de seus alunos, e concentra o resultado de um ano inteiro de esforço em quatro ou oito dias. Existem maneiras de você minorar esse efeito em seus discípulos:
· Distribua pontos para a participação em aula, estudo e pesquisa particular (lições de casa), dissertações (surpresas ou não), trabalho em grupo. Somente tome o cuidado de deixar bem claro as regras para a conquista desses pontos nos primeiros dias de aula, evitando reclamações futuras;
· Permita certa flexibilidade no calendário. Pergunte aos alunos se eles não têm outra prova marcada para aquele dia, sugestões de outros dias para a avaliação;
· Experimente testes alternativos. Em grupo ou com consulta, por exemplo. Isso irá acalmar os ânimos, e ensinar aos estudantes novas formas de trabalhar.
Avaliação formativa ou contínua
Ela é aplicada a cada dia, a cada momento em sala de aula. Após o desenvolvimento de uma ou mais atividades de aprendizagem, faz-se necessário verificar em que medida e por quantos alunos o objetivo desejado foi efetivamente alcançado.
A avaliação contínua é considerada por muitos um avanço, pois ela está em conformidade com a Teoria das Múltiplas Inteligências do professor Howard Gardner. Afinal, se as pessoas aprendem de maneiras diferentes, é justo que elas sejam avaliadas de maneira diferente.
Porém, alguns professores estão aplicando a avaliação contínua de forma errada. Ou seja, simplesmente estão aplicando mais testes a seus alunos. Dessa maneira, além de aumentar a ansiedade dos discentes, esses mestres também perdem tempo afinal, as aulas destinadas às avaliações ocupam espaço antes destinado a lecionar em si. Assim, chega o fim do ano, e se é obrigado a "correr com a matéria". Algo prejudicial tanto para estudantes como para docentes.
Além disso, simplesmente aplicar mais testes altera pouco os resultado s dos alunos. Quem sempre tirou péssimas notas em química, continuará a tira-las a diferença é que com uma freqüência maior.
A avaliação contínua pressupõe um monitoramento constante de todas as atitudes, perguntas, receios, posturas, participações, ausências, além dos testes dos alunos.
Sim, eles continuam a existir, mas perdem sua condição de importância única e crucial.
Esse tipo de avaliação deve ser feito a cada nova aula, a cada contato com o aluno. Um professor deve observar como cada aprendiz procede em face dos problemas e como ele encontra suas próprias soluções.
A grande desvantagem da avaliação contínua é que ela só funciona em salas com poucos alunos. Afinal, o professor deve conhecer cada um deles. Não só o nome, mas também o jeito de ser, aprender e pensar. É preciso conhecer seus gostos e expectativas.
Outra desvantagem da avaliação continuada é sua subjetividade. É difícil transformar em algo palpável a participação ou não em sala de aula. Os alunos precisam saber, com certeza, quais são seus pontos fortes e fracos.
Uma das saídas para esse problema é avaliar por objetivos. Cada professor deve estabelecer suas metas para aquela classe naquela disciplina, e comunicá-las aos aprendizes. Alguns exemplos de metas:
· Freqüência comparecer a pelo menos x % das aulas;
· Participação individual e coletiva participar ativamente das tarefas em classe, sozinho ou em grupo;
· Deveres cumpridos estudar em casa ou na biblioteca;
· Hábitos e atitudes como o aprendiz age perante seus colegas e os professores;
· Criatividade se tem facilidade para encontrar solução para os problemas;
· Liderança verifique, nos grupos, a facilidade de assumir as rédeas da situação e de aceitar ordens de colegas (ambas as características são importantes);
· Ética se cumpre o prometido;
· Resultado de provas orais e escritas.
Os objetivos atingidos pelo aluno são convertidos em uma nota final segundo uma tabela de conversão desenvolvida pelo docente. Cada meta atingida apresenta, naquele momento, um peso específico para a construção do resultado final.
Assim, a cada atividade, o professor pode alterar os pesos de cada objetivo na tabela, de acordo com as necessidades da turma. Esse fato deve ser comunicado com clareza aos alunos. Porém, todas as atividades dos alunos devem refletir na avaliação, mesmo com um peso pequeno. É sua função fornecer essa informação a eles.
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